Título: Braskem discute projeto na Bolívia
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2007, Empresas, p. B7

Um grupo de técnicos da petroquímica brasileira Braskem deverá se reunir hoje com membros do governo boliviano para discutir o projeto de instalação de uma central petroquímica na região de Corumbá, no Estado do Mato Grosso do Sul. O encontro está previsto para ocorrer na Bolívia, segundo a assessoria de imprensa da Braskem.

Projetado para produzir 600 mil toneladas de polietileno, um plástico usado, por exemplo, para a fabricação de sacolas de supermercado, o empreendimento conta no projeto original com a participação também da estatal Petrobras. O custo para viabilizar a instalação da central, que usará gás natural boliviano como matéria-prima, é estimado em US$ 1,5 bilhão.

O Valor apurou que a reunião marcada para hoje na Bolívia é fruto de uma viagem feita pelo presidente Lula à Venezuela em abril passado. Na ocasião, o presidente brasileiro estava acompanhado de executivos da Braskem, que fecharam um acordo com a estatal venezuelana Pequiven para a construção de um pólo de resinas naquele país.

"O presidente Lula pediu no discurso na Venezuela que houvesse uma aproximação entre a Bolívia e o Brasil também na área petroquímica", afirmou uma fonte do setor. "Ficou acertado, portanto, um encontro entre Braskem e membros do governo boliviano para maio", completa. A reunião, portanto, foi fechada antes do recente endurecimento do governo Evo Morales na questão envolvendo a aquisição das refinarias de gás natural da Petrobras no país.

Contudo, a assessoria de imprensa da Braskem informou que o andamento das conversas dependerá das condições técnicas do empreendimento. Em outras palavras, a companhia brasileira quer ter a certeza de que a matéria-prima, ou seja, o gás natural, estará assegurado no longo prazo.

Além das questões envolvendo o gás natural, viabilizar um projeto petroquímico também depende das oscilações do preço do petróleo no mundo. Afinal, a nafta petroquímica, insumo mais utilizado que o gás na fabricação das resinas plásticas, está atrelado aos preços internacionais da commodity. Geralmente, a cotação de uma tonelada de nafta equivale a dez vezes o valor do barril de petróleo.

Ontem, o preço da commodity no mercado internacional refletiu o incremento dos estoques nos Estados Unidos e fechou o dia na menor cotação em sete semanas na Bolsa Mercantil de Nova York. O barril do tipo WTI para junho deste ano foi vendido a US$ 61,55, queda de 71 centavos de dólar. Já o Brent também para maio de 2007, comercializado na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, foi negociado a US$ 65,20, queda de 34 centavos de dólar.

A redução, que chegou até ultrapassar US$ 1 durante o pregão, refletiu o aumento substancial dos estoques, já que foi a maior alta semanal desde junho do ano passado. As reservas de petróleo subiram 5,5 milhões de barris na semana passada, alcançando o patamar de 341,2 milhões de barris. "É extremamente difícil ficar preocupado com abastecimento quando se depara com estes números", afirma Rick Mueller, analista da Energy Security Analysis. (Com agências internacionais)