Título: Nem Lula acalma o partido no Rio
Autor: Moura, Paola de
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2013, Política, p. A5

A visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Rio na quarta-feira e seu encontro com o governador Sérgio Cabral (PMDB) não conseguiu apaziguar a crise entre os dois partidos no Estado. Nem a visita do ex-presidente às obras do Maracanã, projeto administrado pelo vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), pré-candidato ao Palácio Guanabara, acalmou a ira do presidente regional de seu partido, Jorge Picciani. Logo cedo, Picciani concedeu entrevista à rádio CBN acusando o senador Lindbergh Farias (PT), também pré-candidato, de ter uma conduta de "moleque" e de "agir como carreirista",

Muito irritado com a campanha de TV do PT, Picciani disse que o senador utilizava artifícios "dos governos populistas anteriores ao governador Sérgio Cabral (PMDB)". O presidente regional ainda lembrou que o PT ocupa cargos em várias secretarias estaduais além da vice-prefeitura da capital.

"O que não aceitamos é essa conduta de moleque do senador Lindbergh Farias", afirmou Picciani. "Ele vai à televisão e tenta fazer o que os governos populistas antes do Cabral fizeram. Fala sobre um Rio de Janeiro de pobres e de ricos. Espero que o PT nacional tenha juízo. O presidente [do PT] disse que vai manter a candidatura, mas que não fará oposição ao governo Cabral. Mentira. O Lindbergh já começou antes."

O presidente do PT-RJ, deputado federal Luiz Sérgio, saiu em defesa de seu partido. Acusou Picciani de ser "um pote cheio de mágoas", referindo-se à perda da eleição ao Senado em 2010 para Lindbergh. "A culpa [pela derrota] não é nossa, é do eleitor", diz Luiz Sérgio. "As declarações são destemperadas e cheias de arrogância". Para Luiz Sérgio, Picciani faz política de forma ultrapassada. "Ele age como um cacique". O deputado afirma não acreditar que o governador e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) concordem com as afirmações. No entanto, os critica por não desmenti-las publicamente.

Picciani se justificou argumentando que o PMDB quer isonomia. Explicou que, como apoiou a continuidade do governo Lula na eleição de Dilma Rousseff, o mesmo deveria ocorrer no Rio, com o PT na campanha para a continuidade com o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). "Se o PMDB do Rio for importante para reeleição da presidente Dilma, terá que apoiar o candidato do PMDB. Acho difícil não ter o governador, o prefeito da capital, de Nova Iguaçu e a maior bancada do Congresso como apoio", finalizou Picciani.

O presidente regional do PT acrescenta que, apesar das rusgas, a aliança com o PMDB será mantida e o PT manterá os cargos no governo. Para ele, "as pesquisas mostrarão, em 2014, que Lindbergh é o melhor candidato da continuidade".