Título: Para BCs, Brasil é menos afetado pela baixa do dólar
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2005, Finanças, p. C2

Ao final de dois dias de reuniões de banqueiros centrais, o presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, destacou quatro conclusões que considera especialmente importantes - e algumas parecem claros recados ao público interno, no país. A avaliação econômica mais importante para os banqueiros foi considerada a recente declaracão do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, apoiando um dólar forte e o combate aos déficits. Para Meirelles, isso sinaliza o compromisso do governo americano de mudar a política fiscal e buscar o equilíbrio. "A conclusão é de que o equilíbrio fiscal é fundamental para estabilização, mesmo num país com a força econômica como os EUA. Ha limites para o endividamento público sem aumento depois de taxas de juros´´, afirma. Segunda sinalização dos BCs: os países com maior dependência de exportação para dos EUA sao os que vão forçosamente sofrer mais o efeito da desvalorização do dólar, como os asiáticos, europeus, México. No caso do Brasil, sua dependência é relativamente baixa. Só 21,5% de suas exportações vão para os EUA. Para Meirelles, outra discussão importante envolve o que caracteriza o sucesso de política monetária e de políticas de desenvolvimento. "Diversos estudos foram apresentados, mostrando que a inflação mais alta não ajuda crescimento, e sim diminui demanda, tira poder de compra, principalmente da classe trabalhadora, desorganizando a economia´´, resume. Além disso, de acordo com o presidente do BC, uma dos avanços da politica monetária dos últimos dez anos e "consequente queda da inflação e juros e aumento do crescimento tem sido relacionado à maior autonomia e independência do banco central´´. Ou seja, "quanto mais visão de longo prazo, maior grau de autonomia (do BC), melhor os resultados da economia". Meirelles diz que nesse aspecto outros bancos centrais elogiaram muito o BC brasileiro, "pelo sucesso da política monetária e macroeconômica, pelo alto grau de sua autonomia pratica". Dito isso - expressão cara a Meirelles -, ele tratou de evitar questões sobre eventual projeto de autonomia do BC brasileiro. Como notam fontes de Brasília, a oposição apóia, mas o PT continua rachado sobre o tema.