Título: Mais mulheres aplicam em previdência privada, e mais cedo
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2007, EU & Investimentos, p. D1

Elas cada vez menos confiam aos homens seu sustento na aposentadoria. Segundo levantamento da Brasilprev com seus clientes, a participação das mulheres na receita dos planos de previdência da entidade cresceu, sem parar, de 29% do patrimônio em 1994 para 45% no início deste ano, imprimindo tons de rosa a esse mercado até pouco tempo dominado pelos homens. Estima-se que o mercado todo tenha números similares. "Temos a impressão de que as mulheres têm se preocupado mais com o futuro", diz José Eduardo Vaz Guimarães, diretor de marketing e produtos da seguradora.

A Brasilprev, empresa de previdência do Banco de Brasil em associação com o Principal Group, tem mais de 10% da receita acumulada do setor neste ano. Dos 970 mil clientes atuais da empresa, 390 mil, ou 41%, são mulheres. Indicaria também a preocupação maior das mulheres com o futuro o fato de elas ingressarem mais cedo nos planos e contribuírem por mais tempo. Em média, os clientes da seguradora começam a poupar para aposentadoria aos 34 anos, mas o público feminino ingressa aos 30.

Outro indício de que a mulher é mais consciente no trato com aplicações de longo prazo é que elas adotam mais a tabela regressiva de imposto de renda nos planos, diz Guimarães. A adesão é 20% superior a dos homens que escolhem o modelo de alíquotas decrescentes ao longo dos anos, que beneficia mais quem for disciplinado e permanecer por mais tempo.

No entanto, o valor médio de contribuição mensal das mulheres é inferior a do sexo masculino. Enquanto eles aplicam, em média, R$ 300,00 por mês, as investidoras colocam R$ 210,00. Contudo, segundo análise do banco de dados da Brasilprev, o público poupador feminino investe um tempo em média 20% maior do que o masculino.

A estudante e estagiária de relações públicas de 23 anos Marina Lourenção, por exemplo, tem um plano de previdência privada desde os 12 anos, que era acumulado pela sua mãe. Aos 21, ela poderia optar entre sacar e comprar um carro ou começar a investir do próprio bolso e continuar a guardar. A estudante de Santo André (SP) optou por manter o investimento. "A previdência social já está quebrada e quando eu me aposentar não terei nenhum dinheiro do governo para mim."

A Brasilprev já adota políticas de marketing específicas para abordar o público feminino e considera a possibilidade de lançar produtos específicos para esse público, como Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBLs) e Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBLs) só para mulheres.