Título: Ministro reduz para 1,5 milhão estimativa de criação de vagas
Autor: Resende, Thiago; Simão, Edna
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2013, Brasil, p. A3

Com a reativação da economia ainda aquém do desejável, o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, já passa a admitir uma previsão menor de criação de empregos formais no ano. A informação foi publicada pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, na sexta-feira. Ele afirmou que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em 2013 deve registrar 1,5 milhão de novas vagas com carteira assinada, ante uma estimativa de 1,75 milhão anunciada no início do ano.

As projeções feitas pelo Ministério do Trabalho consideram uma banda que agora varia entre 1,5 milhão e, se considerado o serviço público, 2 milhões de empregos. Antes, o piso do intervalo era de 1,75 milhão. Considerando o levantamento mais amplo, o teto da previsão foi mantido em 2 milhões de vagas. Mas agora, na avaliação de Brizola Neto, isso só será alcançado "numa expectativa realmente positiva".

"Num país que está com taxa de pleno emprego, o saldo positivo vai se tornando cada vez mais difícil de ser alcançado e, principalmente, um saldo de 2 milhões de empregos ao ano", disse o ministro, um dia antes da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, que cresceu 0,9%. No ano passado, a economia brasileira criou 1,3 milhão de postos de trabalho, de acordo com o Caged.

Para o ministro, numa situação de pleno emprego fica cada vez mais difícil avançar na criação de postos de trabalho. "Agora, a geração de novos postos de trabalho está muito ligada ao crescimento mesmo real da economia e não ao preenchimento de um espaço que não estava sendo ocupado pela mão de obra ativa do país", disse.

O resultado do Caged em janeiro decepcionou, com criação de 28,9 mil postos de trabalho, ante um saldo de 118,8 mil vagas geradas no primeiro mês de 2012. Na avaliação do ministro, além das demissões já esperadas dos temporários do comércio em janeiro, surpreendeu a baixa criação de vagas no setor de serviços, que "só agora" capta o processo de retração da atividade econômico. Esse movimento, segundo ele, já foi superado pela indústria, segmento que mais criou vagas em janeiro - 43,3 mil empregos.

"Se desdobrar o Caged, vai ver que tem pontos interessantes, como a retomada do emprego na indústria. Esse é um sinal alentador, porque o aquecimento da indústria sugere reaquecimento de todos os outros setores em cadeia. A indústria é a primeira a despertar e ela vai despertando outros setores. O último é o de serviços, que teve a principal queda no Caged do mês de janeiro", explicou.

O ministro não quis fazer previsões sobre o comportamento do emprego no trimestre. Mas demonstrou otimismo, ao citar o discurso do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Na ocasião, Barbosa disse que a economia já estava rodando a 3%. "Mas ainda está cedo ainda para fazer análise do trimestre", comentou Brizola Neto.

"Estamos trabalhando para voltar a rodar na casa de um saldo de 2 milhões de empregos. É um desafio, porque não tem mais aquele "gap", aquela distância do desemprego. As taxas hoje são de pleno emprego", reforçou.