Título: Câmara aprova reajuste de 28,5% a parlamentares
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2007, Política, p. A9

A Câmara aprovou ontem, em votação simbólica, o reajuste dos salários de deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República e dos ministros de Estado. O Senado agora deliberará sobre o tema, proposto em dois projetos de decretos legislativos. Se aprovados, os textos elevarão os rendimentos em 28,5% - que representa a correção da inflação dos últimos quatro anos, no cálculo dos parlamentares.

Com o aumento, o salário de deputados e senadores salta de R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09. Os gastos anuais com rendimentos dos parlamentares pulará de R$ 117,4 milhões para R$ 150 milhões. No caso do presidente da República, o salário - hoje de R$ 8.885,45 - ficará em R$ 11.420,21. O vice-presidente e os ministros, que recebem R$ 8.362,00, passarão a receber R$ 10.748,43. Os dois projetos concederão aumentos retroativos a 1 de abril.

Durante a tarde de ontem, o debate sobre o tema criou uma forte polêmica dentro do plenário. Os deputados votavam o requerimento para dar tramitação de urgência aos decretos legislativos. Sem essa aprovação, os textos não poderiam ser votados na sessão de ontem. A crise se iniciou porque PSDB e DEM orientaram contra a votação da urgência. A posição contrariou acordo feito por todos os líderes nos dias anteriores.

O líder do PT, Luiz Sérgio, se enfureceu. "Em todas as reuniões do colégio de líderes, os PSDB e o DEM se colocaram favoráveis ao aumento. O PT não vai entrar nesse jogo rasteiro. O PT aceita o aumento mas não aceita essa demagogia. Não se pode exigir de um político e de uma liderança que na sala fechada tenha uma postura e aqui em plenário tenha outra diametralmente oposta àquela da sala fechada", disse. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) também pediu a palavra. "Ou temos convicção do que temos aqui para votar ou não. Tudo o mais é um gesto teatral", protestou.

No momento da discussão, porém, os líderes do PSDB e do DEM não estavam no plenário. O tucano Antonio Carlos Pannunzio (SP) chegou à Câmara e logo se apressou em desfazer o que chamou de "mal entendido". Imediatamente, alterou a posição do partido e orientou favoravelmente à votação. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) procedeu de forma diferente e mudou a posição da liderança: liberou a bancada a votar como quisesse. No fim das contas, 355 deputados votaram favoráveis á urgência, 85 foram contrários e sete se abstiveram. O tema foi debatido no início da noite e votado às 21h48.