Título: G-8 deve se abrir mais, diz Marinho
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2007, Brasil, p. A2

O Brasil reagiu ontem à demanda dos ministros de Trabalho do G-8, reunindo as principais economias do planeta, para os países emergentes melhorarem seus padrões sociais e trabalhistas, em meio a crescente inquietação com a concorrência dessas economias.

Após encontro informal em Dresden (Alemanha), o ministro de Trabalho alemão, Kajo Wassenhoefel, destacou que, apesar das diferentes estratégias nacionais sobre emprego e garantias sociais, o G-8 defende a aplicação progressiva de normas sociais mínimas, primeiro nos países industrializados, depois nos emergentes e em seguida no resto do mundo em desenvolvimento.

O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, o único ministro de país emergente convidado para o encontro com seus colegas do G-8, retrucou que "o Brasil não tem problema com isso, até porque o objetivo do governo é mesmo melhorar os padrões", mas chamou o G-8 a assumir sua responsabilidade.

"A melhora de padrões depende também de acesso dos produtos de países em desenvolvimento nos mercados industrializados, para criar emprego, reforçar política social e qualidade do trabalho", disse.

"A globalização pode ser interessante, mas também pode ser um desastre total se o G-8 não abrir suas fronteiras e derrubar restrições até desleais contra produtos de países em desenvolvimento, disse ao Valor, resumindo sua intervenção no encontro.

Para o Brasil, normas comuns já existem, que são as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Helmut Schwarzer, secretário de Políticas de Previdência Social, informou que o Brasil está perto de ratificar a convenção 102 da OIT, pelo qual se compromete com padrões mínimos de seguridade social, já aplicadas no país.

Marinho confessou que não sabia porque foi o único ministro de país emergente convidado. Mas lembrou que o programa Bolsa Família, do Brasil, e outro parecido do México, foram dados como exemplos bem sucedidos de transferência de renda e redução da pobreza, durante a reunião.

Os ministros do G-8 insistiram também que a indústria deve dar sua contribuição para uma dimensão social da economia mundial, assumindo um papel social mais importante, implementando "relações industriais sadias e acabando com a corrupção".