Título: Indicador de confiança do comércio recua 0,9%
Autor: Simão, Edna
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2013, Brasil, p. A2

O otimismo menor dos empresários do segmento de bens duráveis puxou a queda do Índice de Confiança do Comércio (Icom) em fevereiro, de acordo com o superintendente-adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo. O indicador cedeu 0,9% no trimestre encerrado no mês passado, ante janeiro.

O comércio de bens duráveis, como veículos e eletrodomésticos da linha branca, foram muito beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 2012 e, neste ano, as alíquotas do imposto estão sendo gradualmente recompostas, o que afeta a venda desses produtos. Ontem, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias, informou que as vendas de veículos em fevereiro caíram 5,8% ante o mesmo período em 2012 e cederam 24,5% ante janeiro.

De maneira geral, o comércio de duráveis deve mostrar desaceleração neste ano em relação a 2012 com a recomposição do imposto, acredita Campelo. "A piora do indicador reflete o menor otimismo nas expectativas dos empresários para os próximos três meses, basicamente", disse.

Perguntado sobre se a situação de duráveis poderia conduzir a um ano ruim para o varejo, em relação ao ano passado, Campelo foi cauteloso. Ele explicou que o mercado espera melhora na atividade econômica neste ano, o que sempre eleva a demanda por bens não duráveis, como os da indústria de alimentos. Ao mesmo tempo, ele espera melhora na demanda por material de construção, devido à provável aceleração no ritmo de obras originadas do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), e das grandes obras relacionadas a eventos internacionais dos quais o Brasil será sede.

Ele considerou também que há perspectivas de continuidade, neste ano, do crescimento da massa salarial, o que sempre é favorável para o varejo. "Um bom desempenho no segmento de não duráveis poderia equilibrar um desempenho ruim no de duráveis." Na avaliação do especialista, a piora na confiança do comércio não indica necessariamente um ano negativo para o setor varejista em 2013.