Título: Declarações de Lula fazem ações de BB e Besc disparar
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2007, Finanças, p. C3

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o "Banco do Brasil irá comprar o Besc", feita durante a inauguração da nova sede dos Correios em São José (SC), confirmou as informações que circulavam no mercado e que já foram assunto de comunicados enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo Besc e pelo BB. Como reflexo, as ações ON do BB subiram 4,41%, a maior alta das 60 ações do Ibovespa e os papéis PNB do Besc tiveram alta de 34,02% ontem.

O presidente disse que o Besc não será privatizado e que na sua incorporação será mantida a marca do banco catarinense. "Queremos provar que a administração de banco público bem feita, bem gerenciada, gera benefícios para o Brasil", disse Lula, que lembrou que no passado banco público era financiador de campanhas políticas e onde havia empregos de "pessoas que só colocavam o paletó e nunca compareciam lá".

O Besc, federalizado em 1999, ainda consta no Programa Nacional de Desestatização (PND). A informação da possibilidade de não ser privatizado, contudo, começou a circular no mercado em março, e só confirmada em abril por fatos relevantes. Desde então, há reuniões entre a Fazenda do Estado e o Ministério da Fazenda. Hoje, está prevista mais uma reunião em Brasília entre Sérgio Alves, secretário da Fazenda, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e Tarcísio Godoy, secretário do Tesouro.

Há rumores de que com a incorporação o Besc venha a atuar no mesmo formato que hoje opera o Banco do Nordeste, atuando com foco maior em crédito para pessoas físicas de renda mais baixa, crédito agrícola e pequenas empresas. Há informações de que o Besc atuaria na mesma região que hoje atua o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE),banco de fomento da região Sul e do Mato Grosso do Sul.

Eurides Mescolotto, presidente do Besc, disse que ficou satisfeito com a declaração. Ele é um dos nomes fortes do PT no Estado e está no comando do banco desde 2003. Vinha defendendo que o Besc era viável e não precisava ser privatizado. Mescolotto disse que a alternativa de incorporação vem de acordo com sua expectativa, mas diz que não sabe detalhes de como se dará essa operação. Ele explica que não é um processo rápido uma vez que há quatro entes envolvidos na discussão: governo estadual, federal Besc e BB, todos visando seus respectivos interesses.

A Fazenda estadual, que não se pronunciou sobre o assunto, cobra da União pagamento pela venda das contas dos servidores estaduais, que leiloou em dezembro do ano passado, por R$ 210 milhões. Na ocasião, o Bradesco venceu, mas não pôde efetivar a compra por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a União. Na ocasião, Mescolotto defendia que o leilão não poderia ser feito, uma vez que na ocasião da federalização o governo federal já havia comprado do Estado essas contas.

No mês, as ações ON do BB já subiram 10,34% e neste ano 21,08%. Já os papéis PNB do Besc subiram 34,21% neste mês e 382,50%. Em 12 meses, as ações do Besc aumentaram substancialmente: 614,81%. Como parâmetro, o Ibovespa subiu 21,11% em 12 meses.