Título: Em nota, STF pede desculpas por agressão de Barbosa
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2013, Política, p. A11

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nota formal de pedido de desculpas aos jornalistas por uma declaração do presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, a um repórter no início da tarde de ontem.

"Em nome do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando, após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter", disse na nota o secretário de Comunicação Social do tribunal, Wellington Geraldo Silva. "Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa", continuou Silva.

No fim da sessão de ontem do CNJ, Barbosa não quis ouvir uma pergunta do repórter Felipe Recondo, do jornal "O Estado de S.Paulo", e mandou-o chafurdar no lixo. "Ministro, como o senhor está vendo...?", disse o jornalista até ser interrompido pelo ministro. "Eu não estou vendo nada", respondeu Barbosa. "Me deixe em paz, rapaz. Me deixe em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre", completou.

Na nota, o secretário de Comunicação do STF enfatizou que "o ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia". "Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos", completou Silva. "Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas, como o diálogo que iniciará no próximo dia 7 de março, quando receberá em audiência o senhor Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova York".

Na saída do CNJ, jornalistas esperavam Barbosa para questioná-lo a respeito de nota conjunta das associações dos Juízes Federais (Ajufe), dos Magistrados Brasileiros (AMB) e dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) em que contestam o fato de o ministro ter declarado a correspondentes estrangeiros que os juízes seriam mais conservadores e pró-impunidade, enquanto os membros do Ministério Público seriam rebeldes e contra o "status quo". As entidades estão rompidas com Barbosa. Elas esperam desde dezembro de 2012 que ele as receba em audiência. Além disso, a presidência do STF tem uma agenda que desagrada as associações, como o fim de férias de 60 dias para os juízes e a redução dos patrocínios privados a eventos de juízes em até 30% dos custos totais.