Título: Remédio pressiona inflação em abril
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2007, Brasil, p. A3

Os preços dos medicamentos, vestuário e tarifas de água e esgoto vão pressionar a inflação de abril, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, afirmou a coordenadora de índices de preços do instituto, Eulina Nunes dos Santos. O reajuste dos remédios entrou em vigor dia 31 de março, com aumentos que vão de 1% a 3,02%. No caso do vestuário, o efeito da entrada da nova coleção de inverno ainda afetará o resultado em abril. As taxas de água e esgoto foram reajustadas no fim de março e início deste mês nas cidades de Porto Alegre, Fortaleza e Salvador.

No mês passado, índice registrou alta de 0,37%, após elevação de 0,44% em fevereiro. O acumulado no primeiro trimestre atingiu 1,26%, e nos últimos 12 meses, alta de 2,96%, menor taxa desde fevereiro de 1999, quando ficou em 2,24%.

Os alimentos foram a principal pressão de alta na inflação de março. "Em fevereiro, a educação exerceu pressão forte. Em março, a educação cedeu lugar à pressão dos alimentos, que apresentaram resultados altos por conta das chuvas que aconteceram em janeiro e fevereiro, e que persistem em algumas regiões produtoras em março e em abril" , disse Eulina.

Os preços dos alimentos tiveram alta de 0,98% em março, após subirem 0,78% em fevereiro. Já o grupo educação aumentou 3,48% em fevereiro, devido aos reajustes das mensalidades escolares, mas retornou à estabilidade em março, com aumento de apenas 0,02%.

A alta de preços dos alimentos foi responsável por mais da metade da inflação de março (54%), o equivalente a 0,20 ponto percentual da taxa mensal de 0,37% do IPCA. Segundo a coordenadora do IBGE, o efeito das chuvas se concentrou nos produtos in natura, como o tomate, cuja alta chegou a 19,95% em março.

Na avaliação de Eulina, a pressão exercida pelos alimentos sobre o IPCA pode permanecer nos próximos meses, porque as chuvas continuaram a cair em São Paulo, produtor importante de alimentos in natura. Ela, ressalta, contudo, que o efeito é pontual e localizado em uma parcela dos itens. Além disso, a previsão de aumento de 11,8% na safra de grãos para este ano aponta para um cenário de maior estabilidade nos preços dos alimentos.

A inflação de março também foi pressionada pela taxa de água e esgoto, gasolina e vestuário. A taxa de água e esgoto, cuja alta foi de 1,24%, sofreu reajustes em Belo Horizonte e em Brasília. A gasolina subiu 0,72% sob o efeito de aumentos passados do álcool utilizado na mistura vendida nos postos.

No caso do vestuário, foi verificada elevação de 0,47%, devido à entrada na nova coleção de inverno, após as liquidações ocorridas em fevereiro, quando os preços caíram 0,72%.