Título: Faturamento de agências de viagens já caiu 40%
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2007, Política, p. A11

O faturamento das agências de viagens caiu entre 35% e 40% desde o início da crise aérea. Turistas desistiram de viajar ou optaram por pacotes com trajetos mais curtos, com valor menor, que permitiam a troca do avião pelo ônibus. Mas a entidade que representa o setor acredita que o pior já passou. "Estamos jogando todas as fichas na normalização da situação, nos próximos meses, pelo Comando da Aeronáutica", assinalou o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) no Distrito Federal, João Quirino Júnior, que relatou a redução do faturamento às comissões da Câmara que ouviram ontem as autoridades aeronáuticas do país.

Quirino observou que o setor começou a ser afetado logo após o acidente com o Boeing da Gol, em 29 de setembro, mas o impacto maior ocorreu foi sentido a partir das festividades do fim de ano. Na época, avaliou o executivo, os passageiros ainda tinham poucas informações sobre a crise e ficavam com medo de viajar.

Hoje, na opinião do executivo, os consumidores sabem, pelo menos, os transtornos que podem atravessar. E, por isso, estão mais preparados para enfrentá-los. Quirino supõe que as mesmas dificuldades das agências também são sentidas pelas companhias aéreas. Segundo ele, apesar da disseminação da internet como forma de escolha de horários dos vôos e de pagamento das passagens, 70% da receita das aéreas com vendas de bilhetes ainda provém das agências.

A presidente da Embratur, Jeanine Pires, afirmou que os vôos internacionais caminham para um processo de descentralização do aeroporto de Guarulhos, que ainda hoje é a maior porta de entrada e saída do país. Se 93% dos vôos tinham Cumbica como origem ou destino em 2003, essa proporção caiu atualmente para 70%. Para Jeanine, as companhias americanas começaram a adotar os mesmos passos traçados pelas aéreas européias recentemente: buscar o Nordeste como ponto de partida ou chegada de suas rotas, sem passar por São Paulo. Ela indicou que American Airlines e Delta Airlines devem iniciar, nos próximos meses, vôos dos Estados Unidos para capitais nordestinas. A portuguesa TAP, por sua vez, deverá começar a fazer o trajeto Brasília-Lisboa em julho.

De acordo com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, a quebra da Varig ainda não foi compensada pela expansão das demais empresas brasileiras nos vôos internacionais. A oferta total de assentos ao exterior, exclusivamente pelas companhias nacionais, caiu 26% em 2006. Neste ano, aumentou só 0,75%. Ontem a Anac autorizou a TAM a iniciar vôos na rota São Paulo-Caracas, com escala em Manaus, o que também deverá favorecer a descentralização da malha aérea. (DR)