Título: Entidades preveem inflação sob controle
Autor: Campos, Eduardo; Marchesini, Lucas
Fonte: Valor Econômico, 07/03/2013, Brasil, p. A7

Dirigentes de seis entidades patronais demonstraram otimismo em relação à economia brasileira em 2013, após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na indústria, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade, prevê avanço de 3,5% do setor. Já a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu, estima crescimento superior a 4% no segmento.

Segundo Andrade, todos os participantes do encontro, inclusive o representante da Febraban, acreditam que a inflação vai terminar o ano "dentro do que está previsto, não vai ser nada assustador", dentro da meta estabelecida pelo governo - centro em 4,5% e teto em 6,5%. Entre os pleitos comuns levados ao ministro estão a regulamentação da terceirização da mão de obra, a desburocratização fiscal e a necessidade dos investimentos em infraestrutura.

Kátia também pediu ao ministro da Fazenda uma revisão no anúncio do próximo plano de safra, que poderia passar a abranger 18 meses, e não os atuais 12 meses. Segundo a presidente da CNA, Mantega gostou da ideia e "se mostrou simpático" à proposta. Sobre mão de obra, a senadora ressaltou que não são os salários o fator que mais pesa nos custos, mas as imposições normativas do Ministério do Trabalho.

No lado da indústria, Andrade apresentou duas demandas consideradas fundamentais pelo setor e que estão em discussão no Congresso Nacional. A primeira é a aprovação da medida provisória que revê o modelo de funcionamento dos portos. Segundo o presidente da CNI, as alterações gerariam 321 mil empregos.

A outra questão é a aprovação dos projetos que buscam acabar com a chamada "guerra fiscal" travada entre os Estados. Está em debate pelo Legislativo uma série de propostas para unificar a alíquota interestadual do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 4% e acabar com a concessão de benefícios fiscais que estão em desacordo com a legislação.

"Essas medidas são muito importantes para que o empresariado possa investir na indústria", disse Andrade, lembrando que a guerra fiscal gera uma "insegurança jurídica enorme".

Outra demanda levada pela CNI é a continuidade dos esforços para fazer a reforma tributária, especialmente o fim da cumulatividade do PIS-Cofins. Segundo Andrade, uma simplificação da burocracia fiscal equivale a uma reforma tributária, em função da redução de custos que isso representaria.

Andrade afirmou que Mantega está disposto a receber qualquer setor que queria a desonerações da folha de pagamento. O ministro também sinalizou que os setores de saúde e transportes terão seus pedidos avaliados.

Outro ponto levantado na reunião, segundo a senadora Kátia Abreu foi a atuação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A ideia é fortalecer mais o direito do contribuinte na última instância administrativa de questionamento de cobranças do Fisco. "Além da burocracia, das dificuldades para pagar impostos, existe a questão da falta de defesa. O Fisco sempre tem razão", disse Kátia.

Também participaram da reunião representantes da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), dos Serviços e da Saúde. A ideia é repetir esse encontro das confederações a cada dois meses, para avaliação de medidas e apresentação de propostas setoriais.