Título: Chalita presidirá Comissão de Educação
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 07/03/2013, Especial, p. A18

A Câmara dos Deputados escolheu ontem a maioria dos 21 presidentes das comissões permanentes da Casa. Como em todos os anos, as escolhas tiveram várias nuances. Prêmios de consolação por derrotas eleitorais em 2012, tentativas de ressurreições políticas e escolhas paradoxais, como agricultores controlando comissões econômicas.

Alguns casos são os mais emblemáticos. Imerso em denúncias de corrupção, o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) foi escolhido para presidir a Comissão de Educação. Uma clara tentativa do seu partido de ressuscitá-lo politicamente, conforme sinalizou o líder da bancada, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"Vossa Excelência foi escolhido por sua capacidade. O PMDB tem muita honra e orgulho e sabe que vossa excelência vai defender o partido com a mesma correição que defendeu na vida pública. Nesse momento em que vozes políticas tentam atingi-lo de forma injusta, o PMDB quer reafirmar sua correição."

O próprio Chalita também apontou haver um "movimento político" para desestabilizá-lo. "Fui acusado por causa de um movimento político. Saíram [as denúncias] no meio de um comitê de campanha. Os integrantes dessa campanha assumiram que conduziram o denunciante ao Ministério Público", afirmou, em referência à denúncia ter passado pelo comitê de campanha do então candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, José Serra.

Outra polêmica esteve também na indicação do Pastor Marcos Feliciano (PSC-SP) para a comissão de Direitos Humanos. Manifestantes protestaram contra sua indicação por considerar declarações suas homofóbicas e racistas. A confusão foi grande e a eleição foi adiada para hoje. O PSC manteve o nome de Feliciano para o posto.

Outra comissão em que há aparente contradição entre seu escopo e o perfil do escolhido é a de Finanças e Tributação. O eleito foi o deputado João Magalhães (PMDB-MG), cuja profissão autodeclarada é a de pecuarista e cafeicultor. A comissão é considerada a segunda mais importante da Casa. Entre as atribuições está a de emitir parecer sobre a compatibilidade e adequação financeira e orçamentária das propostas em tramitação. Também está sob sua competência projetos referentes ao sistema financeiro nacional, ao mercado financeiro e de capitais e a autorização para funcionamento das instituições financeiras.

Prêmios de consolação por derrotas eleitorais ou em disputas internas também marcaram as indicações partidárias. Nelson Pelegrino (PT-BA), derrotado em Salvador em 2012, foi para Relações Exteriores. Otávio Leite (PSDB-RJ), que perdeu as eleições no Rio, ficou com Segurança Pública.

Em outra frente, foram contemplados deputados derrotados em recentes disputas internas em suas bancadas. Giacobo (PR-PR) perdeu para Anthony Garotinho (PR-RJ) a disputa para líder da bancada, mas foi contemplado com a presidência da Comissão de Agricultura. Décio Lima (PT-SC) tentou ser vice-presidente da Câmara mas na reta final compôs com André Vargas (PT-PR), que acabou vitorioso. Um acordo interno, porém, levou Lima a assumir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa. Já José Carlos Araújo (PSD-BA), eleito para Defesa do Consumidor, tentara antes vaga na Mesa Diretora contra Fábio Faria (PSD-RN).

Os partidos também cuidaram de oferecer algo a quem ameaçava abandonar a legenda. Foi o que ocorreu com Romário (PSB-RJ), agora presidente da Comissão de Turismo e Desporto.