Título: Produtividade da indústria cresce 3% no 1º tri e supera índice de 2006
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Brasil, p. A2

A produtividade da indústria brasileira cresceu 3% no primeiro trimestre de 2007. Já é um número superior ao resultado total de 2006, quando esse indicador subiu 2,5%. O avanço foi fruto de uma expansão tanto na produção, de 3,8%, quanto na quantidade de horas pagas aos trabalhadores, que foi 0,8% maior, segundo dados do IBGE.

Esse padrão de crescimento dos dois indicadores que formam a produção tem sido observado desde 2004. "Os números confirmam uma recuperação da atividade da indústria brasileira associada a ganhos de produtividade, o que é muito positivo", diz Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo ele, como a produção cresce em níveis mais elevados do que as horas pagas, isso minimiza as preocupações com eventuais superaquecimentos da demanda. "Haverá oferta suficiente", acredita ele.

O ramo de máquinas e equipamentos foi o que mais aumentou sua eficiência: 12,5%. Isso foi resultado da forte expansão da produção: 14,4%, enquanto a quantidade de horas pagas cresceu 1,6%. Outro setor que chama a atenção é a metalurgia básica. Depois de amargar quedas na produtividade no primeiro trimestre dos três últimos anos, essa indústria virou o jogo e incrementou em 5,8% sua produtividade. Tanto a produção quanto o emprego avançaram: 3,1% e 9,1%.

Pereira avalia que os bons números desse segmento refletem o aquecimento da indústria automobilística, grande compradora das metalúrgicas. E, assim como a indústria de máquinas e equipamentos, a de automóveis também tem produzido mais graças à forte demanda doméstica.

Contudo, nos setores mais intensivos em mão-de-obra e também mais dependentes do mercado externo, a situação é bem diferente. Há os que também estão mais eficientes, porém, às custas de menos empregos.

O vestuário é um destes setores. A produtividade do setor ficou 4,7% maior no primeiro trimestre, na comparação com igual mês do ano passado. Mas esse número resulta de uma queda de 9,6% nas horas pagas e de um recuo de 6,4% na produção industrial no mesmo período.

Padrão semelhante foi visto nos segmentos de calçados e couro e de madeira. Nesse último ramo, a queda da produção foi maior do que a das horas pagas, o que resultou em um retrocesso de 1,5% na eficiência. "São os suspeitos de sempre", diz o economista do Iedi. No ano passado, por exemplo, a indústria têxtil elevou em 3,1% sua produtividade, por meio de uma queda de 1,5% nas horas pagas aos trabalhadores e de uma expansão de 1,6% na produção.

Porém, com exceção desses setores, para Pereira, o desempenho geral da indústria é animador. Ele estima que, se mantidas as perspectivas para condições macroeconômicas (queda de juros e inflação controlada), há grande possibilidade de a indústria ter um aumento de produtividade mais robusto neste ano do que em 2006. Nos três primeiros meses, além da alta de 3,8% na produção e de 0,8% nas horas pagas, o emprego industrial cresceu 1,2%. Já a folha de pagamento real ficou 4,4% maior. Ou seja, há um forte incremento dos indicadores de demanda. Mas, para Pereira, a alta robusta na atividade industrial evidencia que "se está criando renda e produção de maneira equilibrada".