Título: Usiminas tem venda maior, mas lucro cai para R$ 2,5 bi
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 07/03/2007, Empresas, p. B8

Este será um ano decisivo para a Usiminas, siderúrgica mineira que ontem anunciou lucro líquido de R$ 2,5 bilhões no ano passado. O resultado, inferior ao obtido em 2005 (R$ 3,9 bilhões), é o segundo melhor do setor no país divulgados até agora - só perde para o grupo Gerdau, que teve ganho de R$ 3,4 bilhões. Só falta a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), que apresentará no último dia fixado para divulgação de balanços anuais.

Rinaldo Campos Soares, presidente da Usiminas, disse que até o fim de 2007 a companhia define uma operação no exterior - seja aliança, joint venture ou aquisição - para agregação de valor de produto semi-acabado feitos aqui. Ao mesmo tempo, a empresa concluirá os estudos para investir em uma nova usina ou na expansão das atuais - Ipatinga (MG) e Cubatão (SP). "Já estamos preparados para algo mais importante internacionalmente", afirmou o executivo.

Segundo Soares, "uma coisa não impede a outra de acontecer", pois a Usiminas, recorda ele, fez todo o dever de casa até 2005. A empresa está quase sem dívida (valor líquido de R$ 760 milhões). Cinco anos atrás, a relação dívida líquida com resultado operacional (lajida) era superior a 5 vezes. Encerrou 2006 em irrisório 0,2.

Com um plano de modernização das duas usinas de até US$ 1,8 bilhão em andamento, a Usiminas quer manter sua posição de liderança no mercado interno. O programa, com vários projetos, estará consolidado em 2010/2011. "É nisso que estamos concentrando esforço agora, porque vai melhorar o mix de produtos, ampliar a oferta de chapa grossa e laminar placa hoje exportadas pela Cosipa".

Mas a empresa, com capacidade de 9,5 milhões de toneladas por ano, precisa crescer, pois pode no máximo adicionar mais 500 mil em Cubatão. Uma nova usina custaria em torno de 3 bilhões para fazer 5 milhões de toneladas de placas. Volume similar pode ser obtido com instalação de novos altos-fornos nas atuais usinas, aportando menos dinheiro. Com esse aço, poderia ter uma operação casada no exterior, que faria o acabamento para venda no mercado local. A preferência é pelos Estados Unidos.

No ano passado, a Usiminas produziu 8,8 milhões de toneladas de aço bruto, pouco mais de 28% do total do país, ligeiramente à frente da Arcelor Mittal (Belgo e CST). As vendas totais somaram 7,9 milhões de toneladas de produtos acabados e placas, com aumento de 8% em relação a 2005.

As exportações subiram 11% e alcançaram 2,7 milhões de toneladas (33% na forma de placas) no ano passado. Essa alta, entretanto, não teve a contrapartida dos preços, bem como do dólar, que se desvalorizou 10% em 2006.

O mercado interno, que teve forte queda em 2005 com parado a 2004, recuperou-se. A empresa se beneficou principalmente pela demanda nos setores automotivo e de bens eletrodomésticos. A Usiminas vendeu 7% a mais. "Infelizmente, a área de infra-estrutura (petróleo e gás e naval) tiveram projetos e investimentos postergados", observou Soares. Com isso, afetou a demanda de aço para tubos de grande diâmetro. "O ano, no todo, foi muito bom", avaliou.

A siderúrgica, que teve receita líquida de R$ 12,41 bilhões, propôs pagar R$ 850 milhões em dividendos - 35% do lucro. Ontem, as ações PNA da Usiminas subiram 7,75% na Bovespa, para R$ 85,50.