Título: Barbosa vê leniência de bancos com lavagem
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 12/03/2013, Política, p. A5

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse ontem que os bancos devem vislumbrar a possibilidade de serem punidos por lavagem de dinheiro, pois estariam, segundo ele, fazendo um "controle leniente" sobre essa prática.

"Enquanto as instituições financeiras não visualizarem a possibilidade de serem punidas por servirem de meio para ocultar valores sob sua responsabilidade, existirá a busca do lucro, que é visto como combustível sobre o controle leniente que os bancos fazem da abertura de contas e transferências", afirmou Barbosa em seminário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre lavagem de dinheiro.

Recentemente, pela primeira vez em sua história o Supremo condenou um banqueiro por crime de lavagem de dinheiro. Durante o julgamento do mensalão, a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, e dois diretores do banco - José Roberto Salgado e Vinícius Samarane - foram condenados a penas superiores a cinco anos de prisão. A Ação Penal nº 470 foi julgada em única instância e da decisão ainda cabem recursos de embargos, a serem analisados pela própria Corte.

Segundo Joaquim Barbosa, é preciso examinar, identificar e disciplinar as ocorrências suspeitas, além de aplicar sanções administrativas para quem comete o crime de lavagem de dinheiro. O ministro criticou ainda a "omissão não justificada na prestação de informações" sobre transferências bancárias suspeitas. Para ele, há pessoas e empresas que conhecem "as brechas do dinheiro para esconder produtos de seus ganhos e subverter a segurança nas relações econômicas". Essa prática de ocultação de valores deve ser, segundo ele, "veementemente reprimida pelo poder punitivo do Estado".

Procurada, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que não vai se manifestar a respeito das declarações do presidente do Supremo.