Título: Petróleo e álcool sustentam vendas do setor, revela CNI
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2007, Brasil, p. A6

A indústria iniciou o ano com números positivos para suas vendas, influenciadas, principalmente, pelos setores de refino de petróleo e álcool e de produtos químicos. Em janeiro, houve crescimento de 3% na comparação com dezembro e alta de 6% em relação a janeiro de 2006. Comparando-se o aumento das vendas em janeiro com a média de 2006, verifica-se que houve um "efeito carregamento" de 3,7%, o que não ocorreu no início do ano passado. Segundo o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Mol, isso significa que, se não houver crescimento neste ano, as vendas do setor aumentariam 3,7%.

A CNI passou a adotar neste ano um novo método de apuração de seus cinco indicadores industriais e agora considera informações setoriais. Sua pesquisa mensal revelou que os segmentos de refino de petróleo e álcool e químicos representaram 60% do crescimento das vendas industriais em janeiro. Separadamente, o refino subiu 21,6% no primeiro mês de 2007. Nos químicos, a elevação foi de 12,2%. Os piores desempenhos das vendas ficaram com material eletrônico e de comunicação (-9,7%), veículos automotores (-4,7%) e outros equipamentos de transporte (-1,7%).

O indicador de horas trabalhadas na produção teve queda de 1,3% em relação a dezembro, mas crescimento de 3% na comparação com o mesmo mês de 2006. O economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, comentou que, apesar de as empresas terem vendido bem em janeiro, a produção ficou praticamente estável. Na análise setorial, 80% do aumento verificado nas horas trabalhadas veio do segmento alimentos/bebidas, influenciado, principalmente, pela produção de cana e açúcar.

"A indústria está em crescimento. Continua a recuperação do emprego, mas as horas trabalhadas e o uso da capacidade instalada estão estáveis, o que mostra que o aumento da atividade não é muito forte", disse Castelo Branco. Para ele, os fatores positivos do fim do ano passado continuam agindo. São eles as quedas dos juros e da inflação e os aumentos da demanda externa e da renda das famílias.

Na comparação com janeiro do ano passado, as indústrias de alimentos e bebidas tiveram crescimento de 11,1% e as de refino de petróleo e álcool elevaram-se 18,2%. Os piores desempenhos nas horas trabalhadas foram os dos segmentos de máquinas e equipamentos de informática(-36,5%) e equipamentos hospitalares/precisão (-11,4%).

O emprego industrial, segundo a CNI, vem crescendo há 14 meses consecutivos, mas 70% desse aumento vem do setor de alimentos e bebidas. Com relação a dezembro, houve elevação de 0,2%. Em relação a janeiro de 2006, a alta foi de 3,6%. O efeito carregamento foi de 1,8%. As indústrias de alimentos e bebidas tiveram, em janeiro, aumento de 12,9% na comparação com o mesmo mês de 2006. Outro desempenho setorial relevante foi o de refino de petróleo e álcool (21,5%), mas cujo peso sobre o total é menor.

As piores variações do emprego industrial, em janeiro, foram dos segmentos de madeira (-6,9%), têxtil (-2,6%) e material eletrônico e de comunicação (-1,9%).

Outra importante mudança metodológica realizada pela CNI foi na apuração do indicador de remunerações pagas aos trabalhadores, que substituiu "salários reais". A partir de janeiro, serão considerados os pagamentos do décimo terceiro salário, participação nos lucros, prêmios e horas extras. A pesquisa mostrou que, em janeiro, esse indicador foi 7,7% maior que o de janeiro de 2006. No aspecto setorial, não houve concentração. O aumento ocorreu em 15 dos 21 setores analisados. As maiores variações foram em máquinas e equipamentos de informática (45,2%), alimentos e bebidas (16,4%) e máquinas, aparelhos e material elétrico (15,3%).

As maiores quedas na remuneração ocorreram em material eletrônico e comunicação (10,1%), madeira (2,2%) e equipamento hospitalar e de precisão (1%).

O uso da capacidade instalada nas indústrias, em janeiro, ficou em 80,9%. Em janeiro de 2006, eram 80,2%. Em dezembro, o uso foi de 81,1%. Nos últimos 12 meses, segundo a CNI, os aumentos relevantes foram nos setores de refino de petróleo e álcool, produtos químicos e máquinas e equipamentos.

Em janeiro deste ano, os setores que apresentaram os maiores usos da capacidade instalada foram máquinas e equipamentos de informática (92,1%), equipamento hospitalar e de precisão (91,3%) e papel e celulose (89,8%). As maiores ociosidades, nesse período, foram nos segmentos de edição e impressão (74,8%), madeira (75%) e alimentos e bebidas (76,5%).