Título: Industriais criticam pouca familiaridade com a Pasta
Autor: Neumann, Denise
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2007, Política, p. A8

Na avaliação de empresários, o novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, não preenche todas as qualidades que eles julgam necessárias ao titular da Pasta. No momento em que a indústria descobriu que seu peso no Produto Interno Bruto (PIB) é quase oito pontos inferior ao anteriormente estimado e cresce entre os empresários o debate sobre a desindustrialização do país, a escolha de um nome com pouca familiaridade com os temas da indústria, como a necessidade de inovação tecnológica, os efeitos nocivos do câmbio apreciado e os desafios colocados pela concorrência de um gigante como a China, preocuparam.

Apesar de ter trabalhado por mais de uma década no setor automobilístico, o cargo que ele ocupava não era diretamente relacionado à produção, lembrou o empresário Paulo Francini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. "Sua função sempre foi mais de representação político-institucional", acrescentou. "Ele não conhece a indústria a fundo."

O vice-presidente corporativo da Suzano Holding, Daniel Feffer, tem avaliação semelhante. "É a história do meio copo cheio, meio vazio. A experiência que acumulou na iniciativa privada pode tornar seu trabalho a frente do Desenvolvimento bastante complementar ao do Itamaraty, na promoção comercial e nas negociações internacionais", observou. "E isso é bastante positivo". A parte vazia, explicou, é justamente o não acúmulo de informações sobre o setor produtivo, até por ter passado os últimos seis anos no setor financeiro.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) foram mais elogiosos. "Miguel Jorge tem vivência na área empresarial, tanto na indústria como no setor de serviços, e é uma pessoa profundamente articulada e conhecedora do ambiente político e institucional", disse Armando Monteiro Neto, da CNI. "Vamos nos empenhar para que a gestão do Miguel, à frente desse novo desafio em sua trajetória profissional, seja bastante profícua", disse Paulo Skaf, da Fiesp. (Com agências noticiosas)