Título: Ocupação, salário e vendas crescem em novembro, apontam dados da CNI
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2005, Brasil, p. A3

O desempenho das vendas, do emprego e da produção da indústria, em novembro, reverteu as expectativas negativas sobre a atividade industrial e mostrou uma retomada mais intensa do que se previa, segundo o informativo "Indicadores Industriais" divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "No mercado de trabalho, o ano de 2004 consolida-se como o mais favorável para o emprego e para os salários em uma década", comenta o informativo. O ritmo de crescimento do emprego industrial aumentou em média 0,7% ao mês, uma taxa que, se mantida por doze meses, representaria um crescimento de 9% ao ano, capaz de duplicar o número de empregos em seis anos, o equivalente aos indicadores da China. "Esse ritmo não deve se sustentar", preveniu o coordenador da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Após dois meses sucessivos de queda, as vendas industriais, em novembro, cresceram 11% em relação ao mesmo mês do ano anterior; a massa de salários completou três meses de crescimento mensal acima de 10% em comparação com o mesmo período de 2003. Apesar do intenso crescimento, a ocupação da capacidade instalada na indústria caiu um pouco em relação a outubro, de 84% para 83,6%. Para Castelo Branco, embora ainda alto, esse nível de ocupação das instalações nas indústrias mostra que não são reais os temores de estrangulamento da oferta de produtos, levantados pelo Banco Central como uma das justificativas para o aumento dos juros. "Esse nível de ocupação da capacidade é absolutamente positivo, porque estimula os investimentos das indústrias", argumentou Castelo Branco. "O diagnóstico do BC é precoce, e os motivos apontados para a alta das taxas de juros são superestimados", acrescenta. O economista não acredita que a política de elevação das taxas de juros se mantenha após o segundo trimestre deste ano, o que justificaria o otimismo em relação à continuidade do crescimento da indústria. O ritmo do ajuste na expansão de emprego e da massa de salários também está condicionado ao tamanho do aumento das taxas de juros. Castelo Branco comentou que o bom desempenho dos indicadores industriais em 2004 é reflexo da redução das taxas de juros no ano anterior. O aumento, ocorrido a partir do terceiro trimestre do ano, não foi suficiente para provocar impacto. Em 2004, as vendas industriais deverão expandir-se em 14%, um recorde dois pontos percentuais superior ao anterior, de 2001. Na avaliação da confederação das indústrias, o mercado interno será o principal impulsionador do crescimento econômico em 2005. A entidade também prevê um crescimento de 3,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, e 5,5% de crescimento da indústria. O aumento das exportações neste ano deverá ser compensado pelo crescimento também das importações, com pouca ou nenhuma influência sobre o PIB.