Título: Em estreia na comissão Feliciano pede desculpas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2013, Política, p. A8

Em meio a protestos, bate-bocas e questionamentos, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) presidiu ontem sua primeira sessão como presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Em quase duas horas de sessão, marcada pela intervenção constante de movimentos sociais, o pastor pediu "humildes desculpas", um "voto de confiança", aprovou requerimentos sem maior impacto e encerrou a reunião por falta de quórum.

"Peço a todos e a todas que se alguém se sentiu ofendido por alguma colocação minha, em qualquer época, peço as mais humildes desculpas e coloco meu gabinete à disposição para dirimir quaisquer dúvidas", disse.

"Orientei minha assessoria a pautar assuntos que já vinham sendo matéria de debates nesta comissão, e que incluísse alguns temas que vejo como importantes para a defesa das minorias que reclamam a atenção das autoridades constituídas, podendo atender anseios legítimos dos movimentos sociais", completou, entre gritos de "não aceito".

Feliciano chegou com atraso de meia-hora entre gritos de "estelionatário", da ala de manifestantes contra, e de "pastor", da ala de ativistas em seu favor. A reunião, em sua primeira hora, foi interrompida diversas vezes tanto por um lado quanto pelo outro.

Feliciano pediu que ativistas se comportassem. "Eu sou presidente desta sessão", disse, entre protestos. "Não cedo à pressão. Se os senhores não pararem vou ter que esvaziar a sessão."

No entanto, deputados também se envolveram em discussões. Jair Bolsonaro (PP-RJ) trocou farpas com o deputado Domingos Dutra (PT-RJ) e teve de ser apartado. Também foi Bolsonaro que ergueu um cartaz dirigido aos manifestantes com as palavras "queimar rosca toda dia". Seguranças da Câmara tiveram de intervir.

A orientação inicial da presidência da comissão, segundo integrantes da polícia legislativa, era que autorizassem a entrada tanto de evangélicos quanto de opositores de Feliciano. Ativistas dos movimentos sociais relataram, porém, que tiveram o acesso à sala restrito, enquanto evangélicos puderam entrar e ocupar lugares com antecedência.

Questionados se tinham vindo juntos, alguns manifestantes representantes de igrejas evangélicas disseram que não eram obrigados a dar informações. "A imprensa está querendo saber demais", disse um ativista sem se identificar.

Houve, em grande parte do tempo, troca de ofensas entre ambas as partes. Enquanto de um lado evangélicos se diziam "contra a ditadura gay", de outro, ativistas pediam "Estado laico". Um dos ativistas foi retirado da sessão a pedido do deputado Mário Heringer (PDT-MG).

No fim da audiência, ao ser questionado se gostaria de continuar na comissão, mesmo sob protestos, Feliciano disse: "Será uma bênção."

Ao todo, seis requerimentos, entre pedidos de audiência pública e envio de missões, foram aprovados pelos deputados.