Título: Furlan aposta que o câmbio vai melhorar
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2005, Brasil, p. A4

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, aconselhou ontem os exportadores a acreditarem em uma desvalorização do real durante o ano. O dólar fechou ontem a R$ 2,72 e tem se mantido próximo a esse patamar desde meados de novembro, prejudicando a rentabilidade das exportações. "Vale a pena apostar em uma taxa de câmbio melhor em 2005 do que o atual patamar", disse o ministro, durante a abertura da edição de 2005 da Couromoda, feira do setor de artefatos de couro e calçados, em São Paulo. O ministro não mencionou qual seria esse patamar, mas afirmou que a cotação ideal do dólar é ao redor de R$ 3,00 - o que já foi dito inclusive pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Furlan baseia sua crença de que o real se desvalorizará ante a moeda americana em dois fatores principais. Primeiro, o governo deve seguir em sua estratégia de recomposição de reservas, comprando dólares no mercado. Segundo, as importações devem crescer em ritmo mais forte que as exportações em 2005. "Dessa forma, vai haver uma melhora no equilíbrio entre a oferta e a demanda de moeda estrangeira", conclui o ministro. O Ministério do Desenvolvimento projeta crescimento de 12% das exportações em 2005, ante alta de 20% a 30% das importações. Na primeira semana de janeiro, as exportações diárias cresceram, em média, 30,2% ante o mesmo período em 2004, enquanto as importações aumentaram 41,7% na mesma comparação. O governo também avalia outros mecanismos para reduzir a pressão no mercado de câmbio e melhorar a rentabilidade das exportações. Segundo Furlan, estão em estudo pelo Ministério da Fazenda uma extensão do prazo dado pelo Banco Central aos exportadores para internalizar as receitas em moeda estrangeira. O prazo atual é de apenas 20 dias. O ministro acredita na aprovação dessa medida ainda no primeiro trimestre desse ano. Apesar do otimismo, Furlan recomendou aos exportadores que incrementem a rentabilidade de seus negócios. Segundo o ministro, uma alternativa é apostar na marca e no design. Outra opção é buscar mercados que utilizem moedas alternativas ao dólar. Os produtos brasileiros ficaram mais competitivos na Europa por conta da queda do euro ante o dólar. Furlan reconheceu, porém, que o governo tem que fazer a sua parte e melhorar a infra-estrutura. (*Do Valor Online)