Título: Cresce rejeição a austeridade fiscal na zona do euro
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2013, Internacional, p. A10

As pressões estão aumentando de novo na zona do euro para os governos atenuarem os programas de austeridade, em meio à persistente contração na economia e desemprego elevado.

O PIB da zona do euro está agora 3% abaixo de seu nível de antes da crise. Na Itália, a queda é de 10%. Cerca de 7,5 milhões de pessoas estão desempregadas, a renda das famílias foi enfraquecida pelo desemprego ou redução de salários e aumento de impostos. A avaliação crescente de economistas é de que os objetivos de corte de déficit prometidos pelos governos dificilmente serão alcançados este ano.

A mensagem de italianos de rejeição da austeridade continua a ressoar nos outros países em crise na zona do euro, onde o desemprego bate recordes de 17% na Grécia, 26,2% na Espanha, 17,6% em Portugal. Na semana passada, um milhão de pessoas manifestou contra a austeridade em Portugal.

Ao mesmo tempo, a posição dura da Alemanha por manutenção dos ajustes tem pouca chance de mudar antes da eleição geral no país, o que pode provocar imobilismo europeu até setembro.

Em todo caso, nota Philipe Gudin, do Banco Barclays, em Paris, "a pressão está vindo agora de pesquisas e da rua, e os líderes europeus vão ter que levar isso em conta quando se encontrarem para discutir as diretrizes para a política economica nos próximos anos".

O governo socialista na França anunciou cortes suplementares de despesas, mas insistindo que tentará evitar que o país afunde na recessão. A Espanha, por sua vez, negocia com a Comissão Europeia um alongamento do calendário de redução do déficit.

Os ministros de Finanças da zona do euro começaram na prática, na semana passada, a adotar abordagem mais flexível da consolidação fiscal, o nome dado ao ajuste.

Depois da Grécia em novembro, Portugal e Irlanda também deverão obter prazo suplementar para reembolsar os empréstimos europeus que receberam, de € 52 bilhões e € 40 bilhões, respectivamente, nota o BNP Paribas.

O princípio de assistência para os dois países voltarem a ter acesso aos mercados internacionais, a Irlanda no fim de 2013 e Portugal em meados de 2014, parece agora garantido. Em contrapartida, a recapitalizaçao direta do sistema bancário português ou irlandês pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade continua a causar racha entre os países da zona do euro.

Dados da produção industrial na zona do euro devem ser publicados esta semana. Pesquisas entre empresários indicam que o setor continuou a contrair em janeiro e em fevereiro, mas em ritmo menor. Enquanto isso, a diferença entre a Alemanha, motor do crescimento, e o resto parece crescer.