Título: Inflação põe à prova a política do México
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2007, Internacional, p. A14

"One thin dime won´t even shine your shoes" (uma mísera moeda não paga nem uma engraxada nos seus sapatos, em tradução livre), diz uma canção dos Drifters. A música pode não ser bem conhecida no México, mas o sentimento certamente é. Depois de muitos anos de inflação baixa, os preços estão aumentando mais rapidamente. Isso é duplamente constrangedor para o novo presidente do país, Felipe Calderón. O aumento da inflação é uma má notícia para a muitos dos mexicanos pobres, que são 45% da população do país. E a notícia vem justamente na hora em que a economia americana, à qual o México é extremamente ligada, vem desacelerando.

Nos 12 meses até fevereiro, a inflação alcançou 4,1%. É muito aquém do que os resultados de três dígitos dos anos 80. Mas é acima da meta de 3% estipulada pelo Banco Central. O maior culpado é o custo maior dos gêneros de primeira necessidade. A moda do etanol, em especial, empurrou para cima os preços do milho e do açúcar. Essa é uma boa notícia para os plantadores, mas não para os mexicanos das áreas urbanas.

Tendo crescido muito antes do Natal, o preço das tortilhas caiu 10% na segunda quinzena de janeiro. Gray Newman, do banco de investimentos Morgan Stanley, acredita que o pico nos preços dos alimentos não vão se transformar em inflação de longo prazo.

Certamente o Banco Central espera que seja assim. Até agora ele não mudou sua política monetária: as taxas básicas de juros caíram em abril passado e não sofreram modificações desde então. Com o crescimento econômico já desacelerando, os diretores do BC hesitaram em aumentar os juros em seu próximo encontro, na semana que vem, afirma Damian Fraser do UBS. Mas outros analistas não estão tão certos.

O mercados confiam em Guillermo Ortiz, o presidente do BC. Agustín Carstens, o novo ministro das Finanças, vem do FMI e é muito respeitado. A credibilidade econômica do México foi conseguida a duras penas. Agora será testada.