Título: Mineradora prevê cenário otimista
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2007, Empresas, p. B9

O cenário desenhado pela Vale do Rio Doce para a economia mundial em 2007 é otimista e vai de encontro a sua estratégia de retomar o mercado de transporte marítimo de longa distância. Apesar das turbulências das bolsas, o PIB deve crescer 4,2% este ano, sem sinais de recessão nos Estados Unidos, avalia Fábio Barbosa.

A China e outros mercados asiáticos, com destaque para Índia, continuarão a crescer a taxas elevadas, devido a vários fatores: elevada poupança interna, investimento alto, inflação baixa, superávit comercial e política monetária menos restritiva.

"O período é benigno para as matérias primas como minério e metais, com a demanda sustentada principalmente pela Ásia", destacou o executivo. Os números apresentados sustentam esta previsão. Para 2007, a Vale trabalha com uma economia chinesa produzindo 470 milhões de toneladas de aço e absorvendo 30% do mercado mundial de níquel, dois dos produtos em que a empresa é líder mundial. Barbosa diz que o "soluço" da bolsa chinesa não tem relação com a economia real do país.

Além da China, a expectativa da Vale também é grande em relação à Índia. O país é visto como uma segunda China, apesar de não ter o efeito poderoso da sua vizinha sobre os mercados de minério e metais. "Mas pode acontecer", pressagiou. "A Índia pode vir a se tornar grande importadora de minério e metais, pois tem problemas de logística que vão ser enfrentados para garantir seu crescimento".

Com base neste quadro favorável, a Vale continua trabalhando para ampliar a oferta de minério de ferro que poderá bater em 320 milhões no próximo ano, de olho inclusive no mercado indiano, tocando os projetos de carvão de Moatize, em Moçambique, e Belvedere, na Austrália, e buscando desenvolver o projeto de níquel de Goro, na Nova Caledônia. Para garantir o futuro, reforça sua logística com navegação e investimentos nas ferrovias. Em Carajás toca um projeto que aumenta em 190 milhões de toneladas a capacidade de transporte de minério da ferrovia.

A expectativa da Vale é que a taxação do minério para exportação pelo governo indiano possa retirar a competitividade do minério da Índia no mercado chinês, aquecendo ainda mais a demanda. Segundo o executivo, isto já se reflete nos preços do produto, com prêmios elevados no mercado spot chinês e indiano, que estão sendo negociados na faixa de US$ 97,5 (China) e US$ 94,2 (Índia), contra o US$ 82 por tonelada do minério da Vale no porto chinês de Beilun.