Título: Aécio critica PT e propõe que Petrobras seja reestatizada
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2013, Política, p. A9

Após participar de seminário realizado pelo PSDB para debater o que considera "gestão temerária" da Petrobras nos governos do PT, o senador Aécio Neves (MG), provável candidato tucano à Presidência, defendeu a "reestatização" da empresa, que, para ele, serve hoje mais a "interesses privados e partidários" do que aos da nação.

"O que queremos é reestatizar a Petrobras, que foi partidarizada excessivamente pelo PT e perdeu eficiência, punindo seus acionistas e gerando muita incerteza em relação a novos investimentos. É preocupante hoje a situação da Petrobras. Vamos dialogar com especialistas e apresentar alternativas."

O evento "Recuperar a Petrobras é o nosso desafio" foi o primeiro de uma série que será promovida pelo partido para o presidenciável assumir posições em contraponto ao governo.

Aécio criticou a adoção do modelo de partilha de produção para a exploração da camada pré-sal, mas não defendeu claramente a mudança na legislação para que o contrato de concessão seja mantido como único sistema para a extração e produção do petróleo, como era até 2010.

Segundo o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), o partido ainda não tem posição definida sobre manter ou não os dois modelos. O dirigente afirmou que discutir a Petrobras "é um dever cívico", pela importância da empresa para o país. "Infelizmente, a condução da Petrobras nos últimos anos é comprometida e comprometedora", disse

O senador mineiro defendeu a flexibilização da exigência de 30% de participação mínima da Petrobras em todos os consórcios vencedores de leilões do pré-sal no modelo de partilha. Disse que a empresa está "descapitalizada" e terá de buscar recursos no mercado para arcar com esse financiamento, o que significará novos adiamentos de leilões e "dificuldades crescentes".

Ele também questionou a exigência de nacionalização do conteúdo na exploração do pré -sal, com a qual disse concordar, mas ponderou que não "adianta demandar para uma indústria que não existe".

Sobre os eventos a serem realizados pelo PSDB, debatendo supostos erros do governo do PT, disse que a intenção é "contrapor cada vez mais o Brasil real do Brasil da propaganda" do governo Dilma Rousseff. Para o evento dessa terça-feira, o Instituto Teotonio Vilela, órgão de estudos do partido, convidou palestrantes com posições identificadas com as dos tucanos para falar sobre a Petrobras e listou 11 pontos para abordar.

O ex-prefeito de Vitória (ES), ex-deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas, afirmou que a aprovação do modelo de partilha foi o "maior erro de política econômica" feito pelo governo, que paralisou os leilões, os investimentos na área e tirou o Brasil do "mapa" do setor da expansão do petróleo e gás.

Lembrou o "sucesso espetacular" do modelo de concessão e disse que, com a descoberta do pré-sal, o governo do PT decidiu adotar outro sistema de exploração com o argumento de que daria mais petróleo à União. A intenção, segundo ele, foi "colocar uma saia justa política na oposição", adotando "discurso nacionalista, fanfarrão e triunfalista".

O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman disse que os petistas não têm "escrúpulo" ao afirmar que o governo Fernando Henrique Cardoso queria privatizar a Petrobras, lembrando que o então presidente negou a intenção em texto lido. "Eles desconhecem isso. Não têm nenhum escrúpulo de fazer isso. Ou nós acabamos com o PT e com esse domínio autoritário ou eles acabam com o Brasil", disse. "Assim que eu gosto: ver o partido em pé de guerra. Quando é preciso fazer guerra. Assim que sempre fui. Quero que todos sejam assim também."