Título: G-8 quer formalizar diálogo com emergentes
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2007, Especial, p. A14

O G-8 estuda como institucionalizar uma nova forma de diálogo permanente com Brasil, China, Índia, México e África do Sul, para que eles tenham "maior papel e maior responsabilidade" nas questões globais. Como o Valor antecipou em fevereiro, o projeto da Alemanha na presidência do G-8 é de que o grupo de emergentes seja "integrado mais de perto na governança global". A idéia é de encontros ministeriais com os principais industrializados no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube dos países ricos.

No entanto, os detalhes da estrutura formal desse diálogo pode ficar para depois da cúpula do G-8, de 6 a 8 de junho próximo. "Só lançar as bases do diálogo com os grandes emergentes, mesmo genericamente, já será uma vitória", diz uma autoridade alemã.

A Alemanha descarta a ampliação do G-8, que chegou a ser proposta pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, no ano passado. Berlim considera, porém, que os cinco emergentes devem passar a ter convite permanente para algumas sessões nos encontros de cúpula do G-8, em vez de sempre esperarem por convite de quem está na presidência desse grupo.

Só que isso não está garantido. O Japão assumirá a presidência do G-8 no ano que vem e, apesar do crescente peso chinês, mostra pouca vontade de dar espaço para que Pequim influencie as decisões internacionais.

Está certo, em contrapartida, a diferenciação entre os participantes. Os líderes do do G-8 vão se hospedar em Heiligendamm, vilarejo a beira do Báltico, no "melhor hotel de praia da Europa". Trata-se do Kempinski Grand Hotel, que nos tempos da Alemanha Oriental era um spa de férias para a elite dirigente.

Já Lula, o único presidente com origem operária, e seus colegas da China, Índia, México e África do Sul, serão hospedados em Berlim, a quase 300 km de distância.

Os alemães explicam que o luxuoso hotel foi reservado para o G-8 porque os emergentes só participam de uma parte do encontro, no terceiro e último dia. Assim, Lula viajará de helicóptero com um reduzido número de assessores. Volta no mesmo dia para o Brasil.

Esta será a primeira vez que o G-8 ocorrerá num Estado da antiga Alemanha Oriental, em Mecklemburgo-Pomerânia, onde Angela Merkel tem sua base eleitoral. No entanto, a escolha do local foi feita em 2004 por Gerhard Schröder, o então premiê social-democrata.