Título: Economistas estimam alta de 0,8% para IBC-Br, mas o tom é de cautela
Autor: Machado, Tainara
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2013, Brasil, p. A3

Com forte impulso da produção manufatureira e avanço, ainda que morno, das vendas no comércio, a atividade econômica começou 2013 em ritmo acelerado, avaliam economistas. Para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), a média das estimativas de 12 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data é de alta de 0,8% em janeiro, após avanço de 0,3% em dezembro, sempre em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. O intervalo entre as projeções para o índice que será divulgado hoje pelo BC é de 0,6% a 1% no período.

Em relação a igual período do ano passado, os economistas projetam, em média, alta de 4,5% do indicador, que procura reproduzir o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, o que poderia ser visto como sinal de que a economia ganhou novo impulso, é avaliado como evidência das intensas oscilações que têm dominado os indicadores mensais de atividade nos últimos meses. Em fevereiro, as informações disponíveis sugerem que o avanço visto no primeiro mês do ano não se consolidou. Assim, continua predominante a afirmação de que há uma retomada em curso, mas em ritmo apenas gradual.

Para Igor Velecico, economista do Bradesco, a alta de 1% esperada para o IBC-Br em janeiro foi em boa parte resultado do forte crescimento da produção industrial no período. Na passagem mensal, a atividade manufatureira avançou 2,5%, feitos os ajustes sazonais, muito acima do ritmo de crescimento da economia. Ainda assim, Velecico avalia que "é muito cedo para ficar otimista com a atividade, porque continuamos a ver elevado grau de volatilidade dos indicadores econômicos. O ritmo anualizado de alta de 30% da indústria em janeiro obviamente não vai se manter".

A perspectiva é que, em fevereiro, o setor "devolva" boa parte do avanço observado no primeiro mês do ano. A queda, estima Velecico, pode ser de 2% em fevereiro, de acordo com as informações disponíveis.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, espera retração ainda maior da indústria no mês passado, de 2,6%, principalmente por causa da queda de 19% da produção de veículos no mês passado, de acordo com dados da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias. "Parece que o padrão errático deve se manter. Ainda que mais setores tenham mostrado alta em janeiro, a indústria continua a ser puxada pela produção de caminhões e veículos", diz.

O varejo, por sua vez, mostrou ritmo mais modesto do que era imaginado no início do ano, padrão que deve se manter ao longo do ano, segundo Alessandra. Em janeiro, as vendas no varejo ampliado, que inclui o desempenho de material de construção e automóveis, subiram 0,3%. Para a economista, o comércio avançará algo como 5% neste ano, ritmo mais fraco do que a alta de 8% vista no ano passado, por causa da velocidade menor de crescimento da massa salarial e queda da confiança do consumidor.

Para os economistas, a perspectiva de retração da indústria em fevereiro e acomodação das vendas no varejo reforçam a ideia de que a economia está acelerando, mas de forma bastante gradual, condizente com avanço de cerca de 3% do PIB no ano.

Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, espera que, no primeiro trimestre deste ano, a atividade acelere em relação aos últimos três meses de 2012, quando o PIB do país avançou 0,6%. Ainda assim, considera pouco provável que essa alta seja próxima a 1%.

Velecico, do Bradesco, também avalia que os indicadores de fevereiro sugerem avanço mais modesto da atividade nos primeiros três meses de 2013, em torno de 0,8%, ritmo que seria mantido no segundo trimestre. "Os indicadores de consumo das famílias mostram alguma ressaca, natural por causa dos incentivos tributários concedidos no ano passado, e a questão é acompanhar qual será a intensidade desse movimento, já que esperamos que a produção acompanhe o avanço da demanda, após a normalização dos estoques no ano passado."