Título: Desemprego juvenil cresceu mais no Sudeste
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2007, Brasil, p. A2

Os jovens do Piauí foram os que mais sofreram com os efeitos do desemprego no país nos últimos dez anos. Entre 1995 e 2005, o desemprego para quem tinha entre 15 e 24 anos avançou 300% nesse Estado, enquanto a ocupação cresceu apenas 7,5%. O resultado menos negativo foi verificado em Alagoas, onde o desemprego cresceu 8,4%. Mas a quantidade de novos postos de trabalho ficou praticamente estável, com alta de 0,2%.

O estudo do economista, Marcio Pochmann, mostra que a evolução da taxa de matrícula entre jovens se deu acima da ocupação para essa mesma parcela da população em todo o país. Entre 1995 e 2005, houve um crescimento de 73,4% na quantidade de jovens estudantes e de 66% no número de jovens empregados. Nos dois Estados citados acima, apesar de mais jovens estarem sem emprego, as taxas de matrículas avançaram. Em 1995, no Piauí, 42,2% dos jovens estavam matriculados. Em 2005, esse percentual pulou para 52,3%.

As duas regiões que apresentaram comportamento diferente da média brasileira, no que diz respeito à educação e emprego, foram Norte e Nordeste, onde a expansão no número de jovens no mercado de trabalhou superou a taxa de matrícula.

Já o Sudeste liderou o crescimento do desemprego juvenil, com uma variação de 120,3% entre 1995 e 2005, bem acima do resultado do Brasil, que variou 107,2% neste período. Por outro lado, o Centro-Oeste e o Nordeste, mesmo tendo liderado o aumento dos jovens matriculados, com variações de 89,5%, 83,8%, tiveram fortes altas na quantidade de desempregados no período: 116,4% e 105,2%.

Como cada vez mais jovens estão à procura de um emprego e passam a fazer do mercado de trabalho, sejam como ocupados ou como desocupados, o estudo mostra que eles estão mais voltados ao emprego do que à educação. Em 2005, enquanto um em cada dois jovens estudava, o levantamento constatou que dois em cada três jovens são ativos nesse mercado.

Foi na região Sul onde o desemprego entre jovens cresceu menos: 61,8%. Ao mesmo tempo, foi também o local no qual a taxa de matrícula disparou e subiu 114,3% entre 1995 e 2005. A média brasileira teve um desempenho bem inferior, com alta de 73,4% no número de jovens estudantes. "Nesses Estados tem ocorrido uma mudança cultural. Os jovens estão valorizando mais os estudos e estreitando sua relação com a educação", diz.

Apesar do desemprego juvenil ser visto como algo negativo, Pochmann avalia que quanto mais tarde o jovem ingressa no mercado de trabalho, maiores são as chances de ele se dar bem. "Se ele estudar mais ao invés de trabalhar, poderá entrar mais tarde no mercado, porém, em um cargo melhor."