Título: Investimento externo global volta a crescer
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2005, Internacional, p. A7

O fluxo de investimento externo direto (IDE) no mundo aumentou em 6%, segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Os investimentos em todo o mundo chegaram a US$ 612 bilhões. No Brasil, os US$ 10 bilhões de investimentos externos de 2003 passaram para US$ 16 bilhões em 2004. "O aumento foi muito positivo para os países em desenvolvimento, que agora contam com cerca de 42% dos fluxos", disse Karl Sauvant, diretor da Unctad. No período que foi de 2001 a 2003, a mesma região contava com apenas 27% do IDE. Os países em desenvolvimento receberam US$ 255 bilhões no total.

Nos países desenvolvidos houve retração de 16%, indo de US$ 380 bilhões em 2003 para US$ 321 bilhões em 2004. Muito disse se deve ao pagamento de empréstimos intra-empresas em alguns países, notadamente a Bélgica, a Alemanha e a Holanda. Esses pagamentos não aparecem nas estatísticas dos países onde fica a sede das empresas. A Unctad acredita que a contínua melhora nas atividades econômicas devem contribuir para a expansão do IDE no médio prazo. O relatório positivo foi analisado pela consultoria A.T. Kearney como uma "mudança fundamental na percepção de risco do investidor", enquanto os mercados emergentes mostram cada vez maior estabilidade. Os EUA são o primeiro país no ranking de investimentos externos, com US$ 121 bilhões, deixando a China em segundo lugar, com US$ 62 bilhões. Em 2003 a situação era diferente: a China liderava o ranking com US$ 54 bilhões -não contando Luxemburgo, que teve US$ 94 bilhões, mas em grande parte devido a movimentação apenas financeira -, na frente dos EUA, que tinham apenas US$ 30 bilhões. A organização da ONU afirma que a melhoria dos lucros e as fusões incentivaram a entrada de mais investimentos nos EUA. O Reino Unido ficou no topo entre os países da União Européia, mais do que dobrando o IDE: de US$ 21 bilhões em 2003 para US$ 55 bilhões em 2004. Nota-se também na UE o decréscimo violento dos investimentos externos diretos na Alemanha: de US$ 13 bilhões em 2003 para US$ 49 bilhões negativos. No ranking de 2004, o Brasil ficou em décimo lugar. O fluxo para a Ásia e para a região do Pacífico aumentaram 55%, alcançando US$ 166 bilhões. Os analistas afirmam que isso se deve a políticas mais favoráveis aos negócios, a maiores margens de lucros e a diversas fusões e aquisições na área. A África, que ficou com apenas 3% do fluxo mundial, mostrou o segundo ano consecutivo de aumento, chegando a US$ 20 bilhões. A Unctad prevê que, se os preços das commodities continuarem a aumentar, as empresas multinacionais devem aumentar seus projetos em território africano ou até mesmo iniciar lá alguns projetos novos. Para a região da América Latina e do Caribe, o IDE cresceu pela primeira vez em cinco anos, alcançando US$ 69 bilhões. O México manteve-se à frente do Brasil: de US$ 11 bilhões em 2003 pulou para US$ 28 bilhões em 2004. Após uma queda de US$ 31 bilhões em 2002 para US$ 27 bilhões em 2003, a região do leste e do centro da Europa recuperou-se, atraindo investimentos de US$ 36 bilhões em 2004. Destaca-se aí a Rússia, que chegou a receber apenas US$ 2 bilhões em 2001. Em 2004 recebeu US$ 10 bilhões em IDE.