Título: Alckmin reúne 603 prefeitos e promete R$ 2,4 bi
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2013, Política, p. A6

Alckmin: "Estamos lançando um grande programa de parceria e cooperação, para diminuir as distâncias administrativas, sociais, políticas das cidades"

Em um evento que deixou a nítida impressão de uma gestão que quer mostrar força, o governo de São Paulo organizou ontem um grande encontro com os prefeitos do Estado. Provável candidato à reeleição em 2014, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) convocou todo o seu secretariado para detalhar ações empreendidas em cada área e anunciou um pacote de R$ 2,4 bilhões em investimentos diversos nos municípios, entre repasses, convênios e parcerias. Não é um aporte de novos recursos. São investimentos já previstos no orçamento.

Os de maior volume se destinarão à conservação de 131 estradas vicinais, ao custo de R$ 915 milhões; e na ampliação dos serviços de transporte escolar e de alimentação (R$ 375 milhões), cujo valor do repasse da merenda passou de R$ 0,25 por aluno para R$ 0,50. Em escolas de tempo integral, foi reajustado de R$ 0,36 para R$ 2 por aluno. Todos os municípios receberão novas unidades de ambulâncias e o Estado distribuirá 500 caminhões para cidades com menos de 50 mil habitantes. Pacotes de investimentos em calçamento de vias públicas, habitação, saneamento e acessibilidade também foram anunciados pelo governador. "Estamos lançando um grande programa de parceria e cooperação. O governo municipal está mais perto, enxerga o problema do povo, convive com ele. [O repasse] diminui as distâncias administrativas, sociais, políticas", disse Alckmin. O prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), participou da abertura do evento.

O governador negou que a miríade de ações seja uma maneira de já se posicionar no cenário eleitoral para 2014. "Estamos no meio do mandato e os prefeitos estão começando seus mandatos. Agora é hora de trabalhar, somar esforços, independente de sigla partidária". Questionado sobre como responderia à provocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em inserção televisiva do PT de São Paulo avaliou já estar na hora de o partido comandar o governo paulista, Alckmin disse: "Não contará com a nossa participação. Quem é prejudicado com a antecipação eleitoral é o povo, porque você encurta o governo". Apesar da negativa pública do governador, a ofensiva está de acordo com a estratégia traçada para dar à gestão uma feição vigorosa e realizadora, imagem desejada para rebater a tese de que há um "cansaço" pelos 20 anos de PSDB no comando do Estado.

Segundo o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, estiveram presentes 603 dos 645 prefeitos paulistas. "Acredito que os prefeitos saíram impactados com os projetos apresentados, que mostram a agilidade do governo em atender às demandas dos novos prefeitos", avaliou.

Cada secretaria de Estado tinha um estande montado no local para atender aos prefeitos empossados este ano. "A maioria dos municípios têm dificuldades técnicas para fazer os projetos, o que impossibilita acessar o recurso. Outro problema é que a saúde financeira das cidades não é boa nesse momento. Muitas estão endividadas ou inadimplentes", avaliou. Secretário de Planejamento, Júlio Semeghini disse aos presentes que até 2014 serão investidos R$ 50 bilhões de reais por meio de parcerias público-privadas (PPP), sendo a maior parte, R$ 37 bilhões, em projetos de mobilidade urbana.