Título: PSD recusa Pasta, mas mantém apoio a Dilma
Autor: Di Cunto, Raphael
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2013, Política, p. A7

Kassab: "Vamos apoiá-la. Deixamos claro essa decisão em jantar ontem [anteontem] e ela ficou muito contente"

Depois de um vai-e-vem de informações sobre a nomeação de um filiado ao PSD para um ministério no governo Dilma, o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, pôs fim às negociações: a legenda não aceitará ministério neste mandato, mas promete apoio à candidatura da petista à reeleição em 2014.

"Não vamos ter ministério. Ia parecer toma-lá-dá-cá, não seria adequado. Não apoiamos a presidenta na eleição - eu próprio apoiei o ex-governador José Serra [PSDB] -, então não faria sentido compor formalmente o governo neste mandato", afirmou Kassab ao Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor.

O anúncio, tornado público ontem por Kassab, foi feito a Dilma em jantar na noite de quarta-feira, com a presença também do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD). O presidente do PSD diz que a recusa não fará a legenda optar por outra candidatura. "Vamos apoiá-la. Deixamos claro essa decisão ontem e ela ficou muito contente", diz.

O PSD foi fundado em 2011 por políticos insatisfeitos em suas legendas ou que queriam aderir à base aliada. Embora alguns dos integrantes do partido tenham apoiado Dilma em 2010, boa parte fez campanha para Serra, o que agora é usado como argumento para não aceitar um ministério.

Kassab ainda vai consultar os dirigentes estaduais do partido antes de oficializar o apoio à reeleição, mas garante que há um sentimento de que este é o melhor caminho. "Três Estados já se manifestaram oficialmente - Rio Grande do Norte, Rondônia e Bahia - a favor e outros disseram informalmente. Os deputados e senadores também concordam. Há uma tendência muito grande para apoiá-la", afirma.

O PSD era cotado para ocupar uma das três secretarias com status de ministério: de Assuntos Estratégicos, da Aviação Civil e da Micro e Pequena Empresa. Esta última teve a criação autorizada na semana passada pelo Senado e era dada como certa para o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. "Está uma guerra por ministério, não vamos entrar nisso", diz o secretário-geral da sigla, Saulo Queiroz.

O discurso, porém, é de que, se Dilma convidar um filiado em "caráter pessoal", o escolhido não será impedido de assumir. "A Dilma tem um amigo que ajudou a montar o Minha Casa Minha Vida e que ela quer levar para o governo, que é o Paulo [Simão, presidente do PSD de Minas Gerais]. Não vamos retaliá-lo se ele aceitar, mas tem que ficar claro que é escolha pessoal dela", diz Queiroz, que no fim de fevereiro garantia que o PSD estava "pronto" para entrar no governo. "Naquele momento, o partido teria dificuldade em falar não. Mas o Kassab fez as ponderações necessárias e é quase um consenso a opinião de que seria errado compor o governo agora", comentou.

Ele diz que a recusa não tem relação com as articulações do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que pode lançar-se candidato à Presidência. "O Eduardo Campos é um belo quadro, nos ajudou muito na formação do PSD e temos a maior estima por ele. Mas o partido, majoritariamente, caminha para a reeleição da Dilma", afirma. A linha de pensamento é a mesma de Kassab, que diz que as próprias alianças regionais do PSD estão se formando com vistas a apoiar a presidente - e com a expectativa de tê-la no palanque.