Título: Desembolsos do BNDES crescem 64% no bimestre
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2007, Brasil, p. A6

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 7,02 bilhões no primeiro bimestre deste ano, montante 64% superior ao apurado no mesmo período de 2006. As aprovações, que antecedem o desembolso do crédito às empresas, apresentaram crescimento bem mais vigoroso, de 128%, e totalizaram R$ 9,94 bilhões no mesmo período. "O resultado das aprovações indica que haverá uma aceleração dos desembolsos", afirmou o presidente do banco de fomento, Demian Fiocca.

Nos 12 meses encerrados em fevereiro, os desembolsos do BNDES cresceram 22% e atingiram R$ 55,02 bilhões. Já as aprovações aumentaram 46% no mesmo tipo de comparação e acumularam R$ 79,9 bilhões. "Batemos mais um recorde de desembolsos e aprovações", disse Fiocca. No ano passado, o banco desembolsou R$ 52,3 bilhões, volume recorde para o exercício de um ano, mas ainda abaixo do orçamento estabelecido, de R$ 60 bilhões. Para 2007, o BNDES fixou um orçamento de R$ 58 bilhões a R$ 61 bilhões.

Fiocca prevê que os desembolsos sejam maiores neste ano especialmente devido ao forte crescimento das aprovações, em linha com a expansão dos investimentos na economia. Segundo o dado de formação bruta de capital fixo do PIB, os investimentos subiram 6,3% em 2006.

A indústria recebeu a maior parte dos desembolsos do banco nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, com R$ 30 bilhões. O total de desembolsos ao setor apresentou expansão de 38% na comparação com os 12 meses anteriores.

A área de infra-estrutura manteve o nível de desembolsos, com R$ 17 bilhões. Já a agropecuária recebeu 12% a menos, o equivalente a R$ 3,4 bilhões no acumulado dos 12 meses até o mês passado. O setor de comércio e serviços obteve mais 46% em desembolsos e acumulou R$ 3,7 bilhões no período.

De acordo com o presidente do BNDES, os projetos de infra-estrutura incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo no fim de janeiro, ainda não se refletiram nos desembolsos, mas já aparecem no desempenho da aprovações.

De março de 2006 a fevereiro deste ano, a infra-estrutura obteve um volume de aprovações de financiamento de R$ 29,302 bilhões - 54% acima do apurado nos 12 meses anteriores. "Isso indica mais desembolso daqui para frente", afirmou Fiocca.

Na avaliação do diretor de planejamento do BNDES, o economista Antonio Barros de Castro, existe um descolamento entre os desempenhos dos desembolsos e das aprovações desde 2005. Entretanto, ao longo do tempo, disse Barros de Castro, essa diferença deve ser dissipada. Isso porque boa parte dos desembolsos de hoje foi aprovada no passado em meio a uma conjuntura econômica menos aquecida. "Os desembolsos têm efetivamente uma inércia e refletem parte do passado. Já as aprovações mostram a ponta", afirmou Barros de Castro.