Título: Caixa e Banif lançam fundo ambiental
Autor: Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2007, Finanças, p. C3

A Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banif Investment Banking lançam hoje o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Caixa Ambiental, o primeiro fundo da categoria no Brasil que irá focar exclusivamente em projetos do setor de saneamento básico e meio ambiente.

A Caixa Econômica Federal será a administradora do fundo. O Caixa Ambiental é o primeiro FIP do banco, diz o presidente da administradora de recursos de terceiros da Caixa, Wilson Risolia. "Esperamos ter inaugurado um movimento de novos produtos com esse perfil dentro do banco", diz Risolia.

Já o Banif fará a gestão do fundo. Esse trabalho também será feito pela Voga Advisory, uma empresa de consultoria, que irá ajudar na análise e seleção dos projetos que receberão o investimento do fundo.

O objetivo do Caixa Ambiental é investir em projetos ou empresas de saneamento ou de meio ambiente. Entre eles: tecnologias de reciclagem, sistemas de reutilização de água, de controle de poluição, produção de biocombustíveis, mercado de emissões de certificado de carbono e projetos de recuperação ambiental. "Meio ambiente é uma área que ganha cada vez mais importância no mundo e muitos desses projetos têm dificuldade de conseguir financiamentos, principalmente aqueles que estão em estágio inicial", diz o presidente do Banif em Portugal, Artur Silva Fernandes.

A idéia é mesclar grandes projetos de saneamento - que possuem um retorno menor, condizente ao risco baixo do negócio -, com projetos pequenos, de iniciativas inovadoras, que apresentam rentabilidades maiores, dado o risco mais alto do negócio não emplacar, diz o diretor da Voga Advisory, Samuel Oliveira.

Até pela flexibilidade da regulamentação dos FIPs, o Caixa Ambiental poderá investir nos projetos via instrumentos de renda fixa, como debêntures e FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios), e renda variável, comprando participações nas companhias. A idéia, segundo Oliveira, é começar os investimentos via renda fixa, para aproveitar os ganhos da taxa de juros, antes que a queda da Selic torne esse tipo de aplicação desinteressante, lembra Oliveira.

O projeto é captar dos investidores no mínimo R$ 400 milhões e no máximo R$ 700 milhões. A carteira é voltada apenas para investidores qualificados e a aplicação mínima é de R$ 1 milhão. "Com a queda da taxa de juros, os fundos de pensão têm cada vez mais dificuldade de bater suas metas atuarias em investimentos tradicionais de renda fixa, portanto, estão buscando novas alternativas", diz Risolia.

A taxa de administração é de 1,5% ao ano e a taxa de performance é de 20% sobre o que exceder o retorno de INPC mais 8,5% ao ano. A carteira tem um prazo de dez anos que pode ser prorrogado por períodos de dois anos. Como os FIPs são condomínios fechados e de longo prazo, os investidores aplicam no momento inicial do fundo e vão até a liquidação da carteira.

Os investidores recebem os recursos de volta, à medida que os investimentos nos projetos ou empresas são liquidados. O período médio esperado para cada investimento é de cerca de cinco anos.

O FIP terá um comitê de investimentos com nove integrantes - seis representantes dos cotistas, um do Banif, um da Caixa e um da Voga Advisory.