Título: Ceia menos cara com importados
Autor: Bonfanti,Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 19/12/2010, Economia, p. 18

A expectativa do comércio varejista de ter o melhor Natal desde o início do Plano Real deve se refletir também nas compras feitas nos supermercados, apesar do aumento dos preços dos alimentos. Além do incremento da renda, que permitiu aos brasileiros ampliar a cesta de produtos e adquirir itens considerados até então supérfluos, como iogurtes, chocolates e artigos de beleza, as compras de fim de ano serão reforçadas pela invasão de importados. Ainda que não seja suficiente para evitar a inflação, a concorrência externa ameniza as pressões de alta.

A servidora pública Estela Rocha, 49 anos, percebeu que os produtos relacionados às festas natalinas disponíveis na prateleira estão mais caros. ¿Eu preferi nem comprar o bacalhau aqui, porque sei que está mais barato em outro lugar¿, diz, ao sair de um supermercado no qual encheu seu carrinho ontem já com os olhos na ceia de Natal. ¿Normalmente, faço as compras com uns 15 dias de antecedência, mas não pude vir antes. Deixei para o último fim de semana.¿

Estela observa que, além de uma variedade maior de importados, muitas mercadorias trazidas de fora estão com preço melhor do que os equivalentes nacionais. O efeito decorre da valorização excessiva do real frente ao dólar. Com a moeda norte-americana mais barata e consumidores ávidos, os importadores são estimulados a trazer um maior volume de artigos. A inflação medida pelo IPCA para os alimentos em novembro foi de 2,11%, bem superior ao índice aplicado para todos os produtos (0,86%).

Eletrônicos

No ano, até a segunda semana de dezembro, as importações chegaram a US$ 171,9 bilhões, valor 42,8% maior que as de 2009, se for considerada a média diária de desembarques. A relação vantajosa fica mais evidente no caso dos eletroeletrônicos que não oferecem versões fabricadas no Brasil. A rede de supermercados Pão de Açúcar espera crescimento de 30% nas vendas somente desses itens.

Para os vendedores de itens tradicionais da mesa natalina, as perspectivas também são otimistas. A comercialização de panetones nas lojas do grupo deve aumentar 20% na comparação com 2009. Já a saída de frutas secas importadas típicas da época, trazidas do Chile, Argentina, Portugal, Turquia e Tunísia, por exemplo, deve crescer 10%. (GC)