Título: Alves pede que PSC busque saída para caso Feliciano
Autor: Magro, Maíra
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2013, Política, p. A14

Após um dia de tumulto e protestos contra o Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), manifestou a lideranças do PSC sua insatisfação com a permanência do pastor no cargo e pediu que encontrem uma saída para a situação, que vem inclusive impedindo a comissão de funcionar. A possibilidade de renúncia de Feliciano foi levantada.

Alves se reuniu durante a tarde com o líder do PSC na Câmara, André Moura, e o vice-presidente do partido, Everaldo Dias Pereira, para tratar do assunto. "Tendo em vista as dificuldades que a comissão vem enfrentando para realizar seus trabalhos, mostrei a eles nossa preocupação. Eles entenderam a necessidade, vão conversar com a bancada e encontrar uma solução que satisfaça o povo brasileiro e que seja respeitosa com todos os lados", disse Alves.

Líderes do PSC se comprometeram a reunir o partido nos próximos dias para discutir a questão. "Vamos reunir a bancada para chegar a uma solução respeitosa, que agrade a todos", falou o líder do PSC na Câmara, André Moura, mas sem estipular um prazo.

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara teve ontem sua sessão suspensa em meio a gritos de "Feliciano não me representa" e "Fora, racista". O pastor mal abriu a reunião e, oito minutos depois, teve que se retirar do plenário sob vaias e protestos. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por posições polêmicas em temas como homofobia, preconceito racial e a defesa da tortura, também teve seu protagonismo. Na audiência pública, que trataria de transtornos mentais, ele interrompeu o palestrante e entrou em confronto com manifestantes, chamando-os de "vagabundos" e agredindo-os com palavrões.

Em pouco menos de uma hora, a sessão da comissão foi suspensa. Cerca de 50 manifestantes, com faixas e cartazes, ocuparam o plenário e vaiaram Feliciano. "Hoje eu vou falar uma vez só: se atrapalharem, a Polícia Legislativa vai ter que agir", disse o pastor, antes de deixar o colegiado. Os protestos prosseguiram na Câmara durante a noite.

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou Feliciano a depor no processo em que é acusado de estelionato. O deputado terá que comparecer no STF, em 5 de abril. Feliciano foi acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul de obter vantagem ilícita de R$ 13 mil. Segundo a denúncia, ele teria feito contrato para ministrar um culto religioso, mas não compareceu. (Colaborou Juliano Basile)