Título: Pólo moveleiro do Paraná cresce e atrai importador
Autor: Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 19/03/2007, Empresas, p. B7

Saul Klein, das Casas Bahia, e Luiza Trajano, do Magazine Luiza, estiveram na semana passada em Arapongas, no Norte do Paraná, em busca de novidades para as duas redes. Além deles e de outros varejistas, como Fábio Sipolatti, dono de 21 lojas no Espírito Santo, importadores de 18 países passaram pela cidade, sede de um pólo moveleiro que possui 549 indústrias, faturou R$ 918 milhões e exportou US$ 68,6 milhões em 2006.

As indústrias usaram estratégias comuns para atrair visitantes. Estavam reunidas na Movelpar, feira bienal que está na sexta edição. Fora do centro de exposições, no entanto, cada fabricante usa sua própria estratégia para aumentar as vendas. Ampliação da capacidade de produção, busca de compradores dentro e fora do país e construção de fábrica no exterior são algumas das ações em andamento.

A Moval é uma das pioneiras do parque industrial criado há 40 anos e tornou-se uma das maiores fabricantes de guarda-roupas do país. De suas duas fábricas saem 2 milhões de peças/ano, sendo 80% para varejistas do país e 20% para exportação. Agora ela está montando a terceira unidade e o início da operação está marcado para daqui quatro meses.

O diretor industrial, Ivan Oliveira, membro da família que criou a Moval, conta que a meta para 2007 é fabricar 20% mais, ou 2,4 milhões de móveis para quartos. O investimento previsto para o ano soma R$ 6 milhões e o número de funcionários, que hoje é de 814, deve chegar perto de mil. A Moval possui 90 clientes no exterior e 4,5 mil no Brasil. A Alemanha é seu mais novo mercado, mas Oliveira está também otimista em relação ao crescimento do mercado interno.

Na M.E. Gonçalves, dona da Móveis Estrela e da Spazzio Nobre, fabricantes de móveis para quarto e sala, os planos para 2007 incluem construção de uma fábrica no México. "Estamos em busca de um parceiro lá", diz o diretor industrial, Élison Estrada, que faz parte da família fundadora. A empresa possui três unidades no Paraná, inaugurou uma no ano passado em Pernambuco e, além da fábrica prevista para o México, estuda para 2008 a entrada em outro país, cujo nome não foi revelado.

Ela tem 400 funcionários e faz 40 mil peças por mês. Estrada, assim como outros fabricantes da região, reclama que o desempenho do segmento moveleiro em 2006 foi prejudicado pela Copa do Mundo, crise na agricultura e câmbio, mas o cenário está melhor e, por isso, o empresário espera vender 25% mais no Brasil e 20% mais no exterior. Os investimentos previstos para o ano somam R$ 2 milhões.

José Carlos Arruda, diretor-presidente e filho do fundador da Kit's Paraná, que fabrica itens para quarto e cozinha, tem como principais mercados no exterior a América Central e a África, mas fechou recentemente venda para a Espanha e, na segunda-feira passada, para a Venezuela. "Estamos trabalhando para entrar nos Estados Unidos", contou. A empresa faz 60 mil peças por mês, tem 650 empregados e pretende aumentar a produção em 15% em 2007.

Muitas empresas do pólo exportam por conta própria, mas 19, algumas delas concorrentes, integram o Conex, consórcio de exportação criado há quatro anos. No ano passado o consórcio fechou US$ 6,5 milhões em vendas externas. Para 2007 o objetivo é alcançar US$ 9 milhões. A fabricante de estantes Caemmun é uma das integrantes e, em maio, deve iniciar o segundo turno de produção, porque quer vender 25% mais no ano.

O Paraná é hoje o quarto exportador de móveis do país. Perdeu a terceira posição no ano passado para São Paulo, mas foi o único Estado do Sul a apresentar crescimento. Segundo a Abimóvel, associação que reúne os fabricantes, São Paulo exportou 21,86% mais em 2006 (US$ 106,5 milhões). O crescimento do Paraná foi de 14,64% (US$ 105,1 milhões). As vendas externas da líder Santa Catarina caíram 17,34% (US$ 358,1 milhões) e as do segundo colocado, Rio Grande do Sul, tiveram queda de 1,39% (US$ 266,6 milhões).