Título: PMDB tenta mostrar que superou divergências
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2007, Política, p. A13

No momento em que negocia com o Palácio do Planalto a ocupação de cargos no segundo escalão e em estatais, o PMDB resolve expor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a força do partido, com uma aparente superação das divergências entre as alas que vinham disputando espaços no governo e interlocução com o Planalto.

Depois de um jantar de pacificação na casa da senadora Roseana Sarney (MA), líder do governo no Congresso, ontem o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), fez "visita de cortesia" ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Anunciaram a realização de um jantar de pemedebistas - deputados, senadores, governadores e prefeitos de capitais - com Lula, depois da Semana Santa.

"O objetivo é mostrar a unidade e o grande potencial do partido", disse Temer, ao lado de Renan e do líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "O que diferencia o PMDB dos outros partidos é sua capacidade enorme de superar divergências", afirmou Renan. Na véspera, na casa de Roseana, eles brindaram à unidade partidária.

Além de Temer, Renan e Alves, participaram do jantar o senador José Sarney (AP), os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), e os ministros Hélio Costa (Comunicações), Silas Rondeau (Minas e Energia), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Com a demonstração de força, os pemedebistas esperam conter o avanço do PT sobre os cargos a serem ocupados.

Com a maior bancada de deputados (89) e de senadores (20), o PMDB quer ocupar os cargos dos cinco ministérios que comanda, além de postos em outras áreas, como uma diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF) e uma do Banco do Brasil. O problema é que as bancadas do Senado e da Câmara vinham disputando entre si essas vagas.

Ao mesmo tempo em que Renan e Temer posavam para fotos, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) atacava, da tribuna, o critério da reforma ministerial. Considerou a reforma ministerial "um expediente criado apenas para atender a voracidade da coalizão em detrimento de um perfil técnico mais afinado com as necessidades do país neste momento", disse Jarbas.

O ex-governador alertou para os riscos de partidarização dos demais escalões da administração pública federal. Disse que a escolha de um petista para o Ministério da Justiça (Tarso Genro) deixará sob uma "sombra de desconfiança" qualquer operação da Polícia Federal que envolva partidos políticos. "O mais preocupante em toda essa novela ministerial é que falta conteúdo ao roteiro. Falta dizer a que veio este segundo mandato do presidente Lula", disse.