Título: Hines capta US$ 550 milhões para investir no setor imobiliário
Autor: Boechat, Yan
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2007, Empresas, p. B1

A incorporadora americana Hines deu início ao seu maior ciclo de investimentos no Brasil desde que chegou ao país, em 1998. A companhia criou um fundo de investimentos com o Calpers, fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia, com ativos de mais de US$ 230 bilhões, para investir US$ 550 milhões no segmento imobiliário brasileiro. De acordo com o vice-presidente da Hines no Brasil, Steve Dolman, que também é gestor do fundo, até o final desse ano cerca de 75% dos recursos destinados ao Brasil já devem ter sido investidos.

Nesse mês a Hines está finalizando o primeiro negócio com recursos advindos do HCB (Hines Calpers Brazil) Interest II, o novo fundo criado para investir no país. A companhia está concluindo a compra de um terreno de 200 mil metros quadrados, onde pretende construir um complexo de centros de distribuição. Localizado às margens da rodovia Régis Bittencourt, na região metropolitana da capital paulista, o terreno vai permitir que a Hines construa centros de distribuição no principal ponto de ligação de São Paulo com a região Sul. Além disso, a área também está nas proximidades do Rodoanel viário da capital paulista.

O empreendimento vai consumir cerca de US$ 100 milhões. A Hines ainda não decidiu se fará galpões "built to suit" ou apenas construirá centros de distribuição flexíveis, que possam atender a uma gama variada de clientes. Ao todo, planeja a empresa, o complexo terá cerca de 180 mil metros quadrados de área construída. "Se houver inquilinos interessados no sistema "built to suit", vamos atendê-los, mas também pretendemos construir galpões que poderemos alugar para diferentes empresas", afirma Steve Dolman. O início das obras está programado para ocorrer ao longo desse ano.

Ao mesmo tempo, a Hines também vai aplicar uma parte dos recursos captados junto ao Calpers no segmento residencial, setor que a companhia vem iniciando sua atuação no Brasil. A empresa aguarda autorização da prefeitura paulistana para lançar um empreendimento voltado para a classe média baixa no bairro de Interlagos, zona Sul de São Paulo. Fruto de uma associação com a construtora Goldfarb, a Hines pretende construir um grande complexo residencial próximo ao autódromo de São Paulo em uma área de mais de 40 mil metros quadrados.

O projeto preliminar prevê a construção de mais de mil unidades, com tamanho médio de 50 metros quadrados. Pelas estimativas da Hines, cada apartamento seria vendido a preços variando entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, o que daria um Valor Geral de Vendas (VGV) de cerca de R$ 100 milhões apenas com esse empreendimento. No local, onde devem ser erguidas 12 torres residenciais, a Hines pretende doar cerca de oito mil metros quadrados à prefeitura para a construção de um parque público. "No segmento residencial nosso foco será a baixa renda e vamos ampliar nossa participação nesse segmento", afirma Dolman.

A Hines já fez dois investimentos em projetos residenciais, também em parceria com a Goldfarb. No entanto, apenas 5% dos investimentos da empresa no país se concentram no segmento residencial. A maior parte, 70%, foi destinada às obras industriais. E o restante no segmento comercial. Pelas estimativas de Steve Dolman, essa composição vai mudar em 2007. Dos mais de US$ 550 milhões que pretende investir nos próximos anos, no mínimo 15% serão destinados ao segmento residencial. "Mas nosso foco principal continuará sendo o setor comercial e industrial", afirma o executivo.

Essa é a segunda parceria que a Hines faz com o Calpers no Brasil. Em 2005 a empresa e o fundo de pensão americano alocaram US$ 250 milhões para investimentos imobiliários no país. Hoje, cerca de 95% dos recursos do HCB Interest já foram investidos. Assim como no primeiro fundo, cerca de 5% dos recursos são provenientes da própria Hines. Apesar de o fundo de pensão ser majoritário nos investimentos, a incorporadora tem autonomia total para definir como aplicar os recursos. "Somos nós que decidimos o melhor investimento e a hora certa de sair, para conseguir o melhor retorno possível", diz Dolman.