Título: Vale negocia com sindicato para evitar greve no Canadá
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2007, Empresas, p. B7

Os trabalhadores da principal unidade da CVRD Inco no Canadá, onde se situa a mina de Sudbury, ameaçam entrar em greve à meia noite de sábado, caso não cheguem a um acerto com a empresa para fechar novo acordo coletivo de trabalho até o vencimento do atual contrato, que expira amanhã. As negociações envolvem 330 funcionários das áreas administrativa e técnica filiados ao sindicato Local 2020, vinculado ao United Steelworkers (USW).

"Estamos na fase de negociação e o que nós esperamos são aumentos de salários, pensão e melhoria de benefícios, participação nos lucros e bônus de assinatura de contrato de até 8 mil dólares canadenses", disse ao Valor o presidente do Local 2020, Dan O'Reilly.

Ele informou que as discussões ainda estão no início. Ontem, os representantes dos trabalhadores se reuniram com a CVRD Inco e, já começaram a entrar na discussão das questões monetárias e financeiras, que vem gerando desentendimento. Segundo o sindicalista, "a parte não monetária anda bem, mas quando se toca na questão monetária, a conversa fica diferente".

Esta é a primeira vez que os trabalhadores canadenses negociam com a CVRD Inco, depois que Vale do Rio Doce comprou a produtora de níquel no ano passado. A disposição dos representantes dos empregados é manter o padrão de negociação de acordos contratuais já estabelecidos no negócio de níquel com as mineradoras locais.

Wayne Fraser, diretor do USW para a região de Ontário (onde fica Sudbury) e a região do Atlântico, disse em nota que a nova companhia precisa provar que pode e quer tratar os trabalhadores de forma justa e com respeito.

O'Reilly adiantou que a CVRD Inco recebeu as propostas dos trabalhadores e retornou com um memorando. "Estamos otimistas, mas, caso não cheguemos a um acordo, temos mandato de 99,1% dos trabalhadores envolvidos que votaram a favor de uma greve a partir de sábado (amanhã)", disse O'Reilly. Na sua avaliação, a paralisação teria um grande impacto sobre as operações da CVRD Inco.

Os funcionários que integram o Local 2020 incluem pesquisadores, técnicos em ventilação, geólogos, analistas ambientais, responsáveis pelas compras, departamento de pessoal, operadores de tratamento de água e administrativos. "Eles comandam os laboratórios e são cruciais nas operações das unidades de energia e mineração subterrânea", disse O'Reilly.

Cory McPhee, diretor de relações externas da CVRD Inco confirmou que as negociações estão em curso. Por enquanto, não pode entrar em detalhes do contrato que está na mesa de discussão. Mas disse que envolve questões monetárias e admitiu que "as partes ainda estão um pouco distantes de um acerto em relação a elas (as questões monetárias)". Ele confirma que o contrato atual para os trabalhadores das áreas técnica e administrativa de Sudbury expira na noite de amanhã e, a partir deste momento, se não acontecer acordo, o sindicato estará numa posição de greve legal. "Obviamente, nós (CVRD Inco) preferimos chegar a um acordo. Este foi nosso objetivo deste o início", afirmou.

Segundo McPhee, os 330 empregados sustentam a operação de Sudbury, mas não trabalham diretamente na produção e na manutenção da unidade operacional. Ele respondeu a informação de O'Reilly que estes funcionários podem impactar a operação da unidade, caso haja greve, destacando que a CVRD Inco não quer a paralisação e está trabalhando para evitar isso. Mas, se a greve acontecer, a empresa espera que a produção se mantenha e o trabalho na mina de Sudbury permaneça normal.