Título: BNP transfere para o Brasil chefia de mercados para AL
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2007, Finanças, p. C4

O BNP Paribas decidiu transferir de Nova York para o Brasil o comando da área de mercados para a América Latina, que inclui atividades de tesouraria para o banco e para clientes, negócios de câmbio e juros, estruturação e emissão de títulos da dívida externa ou interna, relacionamento com os fundos de investimento clientes e pesquisa macroeconômica. O executivo Carlos Calabresi, que já cuidava dessas atividades para o Brasil, agora se tornou o responsável para toda a região latino-americana.

A decisão indica o interesse do banco de capital francês em reforçar suas atividades na América Latina e nos mercados emergentes, diz Calabresi. Antes, o comando de mercados era um só para as Américas e por isso a atenção aos mercados latinos era limitada. "Agora, temos um plano de atuação para a região, com metas e cobranças mais freqüentes em cima dessas metas", conta. Também pesou na decisão da instituição financeira o fato de a maior parte das tesourarias das empresas multinacionais na América Latina estar situada no Brasil, diz Luiz Berlfein, um dos três executivos principais da equipe de Calabresi.

De acordo com Calabresi, o Brasil foi "um projeto piloto" do BNP Paribas nos mercados emergentes. E esse projeto piloto se mostrou especialmente lucrativo. Na crise eleitoral de 2002, quando muitos bancos reduziram suas posições no país ou até fecharam suas portas por aqui, o BNP Paribas permaneceu. Os anos seguintes foram os melhores da década para a instituição financeira no país.

"A cultura para mercados emergentes do BNP está mudando e o banco está com mais apetite para risco", conta Calabresi. Segundo ele, a instituição decidiu recentemente investir também na Europa do Leste, Oriente Médio, Rússia e Turquia, além da China, Japão e Cingapura.

"Temos uma ampla capacidade de distribuição nos países asiáticos", diz Berlfein, que está de malas prontas para viagem à China e ao Japão, para explicar aos próprios funcionários da área de vendas do BNP na região os principais produtos oferecidos pelo banco na região latino-americana, como as opções (direito de compra ou venda de um ativo no futuro) iene/real e bônus brasileiros.

A mudança da área de mercados da América Latina para o Brasil, no entanto, não significa aumento dos limites de operação da tesouraria do banco na região. "Para o Brasil, ampliamos sim nossos limites de forma significativa", disse ele, sem querer revelar valores. "Já nos demais países ainda não estamos usando os recursos disponíveis", diz.

Para melhorar o uso desses recursos, o banco está contratando em Nova York e na Argentina, onde tem mesas de operação para a região. No Chile, Venezuela, Colômbia, Peru e México o banco tem escritórios de representação apenas. No Panamá, o BNP Paribas também tem um banco, mas que não faz parte da estrutura sob o comando de Calabresi.

A mesa de Nova York vai cuidar de toda a atividade da área de mercados fora Brasil e Argentina. A idéia é manter a estrutura no Brasil com 26 pessoas, ampliar para 11 funcionários em Nova York e 6 na Argentina.