Título: BC autoriza 2.107 agências em 2004
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2005, Finanças, p. C1

Depois de quase uma década de enxugamento e estagnação, os bancos públicos voltam a expandir as suas redes de agências em 2004. O Banco Central registrou um pico na autorização para abertura de novas agências, com um total de 2.107, quase o dobro do ano anterior e cinco vezes os números registrados em 2002. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, sozinhos, responderam por 56,6% dessas novas autorizações concedidas. "Nossa meta é abrir 500 novas agências até 2006", afirma o diretor de Segmentos e Distribuição da Caixa, Antonio Limone. "Estamos crescendo o equivalente a um banco de médio para grande porte." A Caixa tinha, em novembro de 2004, 1.763 agências. O BB está executando um programa para a abertura de 978 novas agências, entre 2003 e 2004. E o conselho diretor da instituição deve analisar, nos próximos dias, a proposta de instalação de outras 150. "Não podemos crescer por meio de fusões e aquisições, como fizeram os bancos privados", afirma Luciano Mendonça de Oliveira, gerente da Diretoria de Distribuição do BB. "Só nos resta crescer organicamente, com a ampliação da base de clientes e a abertura de novas agências bancárias." Em novembro de 2004, o BB tinha um total de 3.771 agências, segundo o BC. As praças preferidas para a abertura de novas agências são na região Sudeste, sobretudo os municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro. São localidades em que, tradicionalmente, os grandes bancos privados - principalmente Bradesco e Itaú - sempre tiveram maior presença que os federais. "A região de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, é um bom exemplo de regiões em que estamos abrindo novas agências", afirma Limone. "É uma área com mais de um milhão de habitantes, com vários correspondentes da Caixa, mas sem agência nossa."

Por muitos anos a Caixa teve apenas 128 agências em São Paulo, e o objetivo é dobrar esse número. Em outubro de 2004, segundo dados do BC, a presença foi elevada para 143 agências. Ainda é um número baixo: significa apenas 7,2% da rede de agências bancárias do município, abaixo da representatividade da Caixa em nível nacional, que é de 10,2%. Segundo Limone, a rede no Rio irá passar de 50 para 80 agências. O BB trilha pelo mesmo caminho em São Paulo. Mas o ajuste no município começou um pouco mais cedo. Em 1998, o banco tinha apenas 114 agências no município, ou 6,9% da rede então existente no município (em nível nacional, as agências do BB representam 17% do total). Em outubro de 2004, a rede do BB em São Paulo havia chegado a 221. Na década de 1990, a ordem foi promover um drástico programa de redução. Foram fechadas as unidades sem equilíbrio econômico-financeiro, principalmente as chamadas agências pioneiras - ou seja, aquelas instaladas em municípios em que nenhum banco privado estava disposto a entrar. Mais sólidos depois da reestruturação ocorrida desde o Plano Real, os bancos federais podem agora retomar os planos de expansão. Hoje, afirma Limone, os municípios que perderam suas agências pioneiras são atendidos sobretudo pela rede de correspondentes bancários. No caso da Caixa, são 12 mil, a maioria lotéricas. O objetivo é chegar a 23 mil até 2006. O movimento criado pelos correspondentes acabou induzindo a Caixa a abrir novas agências pioneiras. "Serão poucas, para dar suporte a redes locais de correspondentes bancários." Além dos mercados pouco explorados, o que levou à nova onda de expansão é o fato de os custos operacionais das novas agências, com difusão dos terminais de auto-atendimento, terem se reduzido. Em 2004, o BB programou a abertura de 229 agências, das quais 164 são estabelecimentos com apenas quatro funcionários. "São localizados em pequenos municípios e em shopping centers", explica Oliveira. Parte da expansão da rede do BB também se explica pela segmentação da clientela. Em 2004, por exemplo, foi dado o pontapé inicial para a abertura de 21 das agências Estilo, para alta renda. Também houve um processo intenso para elevar as unidades da categoria de posto de atendimento para agências bancárias. Além de reforçar a presença em mercados tradicionais da região Sudeste, também está havendo um processo de ampliação da presença em novos pólos de desenvolvimento econômico - como as regiões que tiverem forte crescimento devido ao agronegócio ou cidades que receberam novas empresas durante o processo de desconcentração industrial ocorrido desde o Real. "Aumentamos nossa presença em Estados que vêm crescendo bastante, como Mato Grosso", disse Limone. Entre outubro de 2003 e de 2004, o BB abriu 15 novas agências em Goiás, 12 no Mato Grosso e 10 no Mato Grosso do Sul. Houve um crescimento ainda mais expressivo no Nordeste. Na Bahia, a rede de agências passou de 217 para 264; em Pernambuco, de 121 para 160; e no Ceará, de 102 para 130.