Título: Reuniões despertaram interesse internacional, diz Sobel
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 02/04/2007, Brasil, p. A3

O interesse internacional por acordos com o Brasil na produção de etanol já é um dos resultados do acordo entre o país e os Estados Unidos para incentivo ao álcool como combustível, defende o embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel. "Independentemente do preço do petróleo, Brasil e Estados Unidos fizeram um compromisso de longo prazo para transformar o etanol em nova fonte de energia", afirma, ao acusar de "desviar-se da questão" os que criticam a falta de medidas para reduzir as barreiras americanas ao etanol brasileiro. Ele não quis informar se há chances de concessão de uma cota de importação sem tarifas para o álcool do Brasil nos EUA

"Por causa disso (o acordo Brasil-EUA), estamos vendo países como a Itália, cujo primeiro-ministro recentemente visitou o Brasil, fazendo compromissos significativos de investimento em etanol", disse Sobel, ao lembrar o acordo anunciado pelo chanceler italiano Romano Prodi, para atuação com o Brasil na produção de etanol na África e investimentos de quase US$ 500 milhões em biodiesel, por acordo entre a italiana ENI e a Petrobras. O Japão também renovou o interesse pelo etanol brasileiro, comentou o embaixador americano. A razão foi o compromisso conjunto dos EUA e do Brasil por essa nova commodity e fonte de energia, argumenta.

"Estamos vendo muito rapidamente os resultados. Não é comum, neste mundo, ver coisas desse gênero assumidas assim, e rapidamente. E outros acompanharão (o Brasil e os EUA)", disse. Nas próximas semanas, os dois governos deverão definir novos países para ações conjuntas em matéria de biocombustível, informou

Sobel minimizou o encontro que teve com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para manifestar as preocupações dos EUA com o Irã ("foi uma conversa privada, há meses", disse), e não quis comentar se a estatal pode ter problemas no mercado americano caso mantenha os investimentos da estatal naquele país. "Nosso presidente tratou da questão, e não há melhor fonte sobre isso", esquivou-se, citando a entrevista coletiva dos presidentes, na qual George Bush afirmou que cada país tem soberania para decidir relacionamento, e que o comércio não foi incluído nas sanções das Nações Unidas contra o Irã.

O embaixador enfatizou a importância da criação de um fórum de altos executivos de empresas, que se reunirá periodicamente na Casa Branca ou no Planalto, para discutir questões que afetam os negócios bilaterais, como a bitributação. "Há muitos fóruns de CEOs no mundo, mas os EUA só têm dois, um com a Índia e esse com o Brasil", ressaltou. Ele lembrou que, nos próximos meses, várias autoridades americanas estarão em visita ao Brasil, numa demonstração da crescente aproximação entre os dois países.