Título: Promon vai criar unidade para exportação de TI
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2007, Empresas, p. B4

A brasileira Promon, que controla as empresas Promon Tecnologia e Promon Engenharia, se prepara para entrar no bilionário mercado de exportação de serviços de tecnologia. Nos próximos meses, a empresa deverá estrear no setor, com a criação de uma operação especializada no chamado "offshore outsourcing", termo usado para se referir a empresas que contratam serviços de fora de seu país de origem.

A estratégia prevê a criação de uma marca própria para a unidade, que deverá ter independência do braço de tecnologia da Promon. No momento, executivos da empresa conversam com potenciais sócios para acertar detalhes do projeto. Com a nova unidade, a Promon quer oferecer serviços de terceirização para desenvolvimento de software de alta complexidade. Isso significa que a companhia não deverá disputar a oferta de serviços mais comuns de suporte e manutenção, que já se tornaram commodity no setor e são amplamente dominados por empresas da Ásia-Pacífico.

Em entrevista ao Valor, o presidente da Promon, Luiz Ernesto Gemignani, adiantou que um dos objetivos do negócio é fazer com que a companhia se projete novamente no mercado internacional. A companhia, que no passado já teve escritórios em 19 países, hoje está basicamente concentrada no Brasil. "A Promon já vem trabalhando com o desenvolvimento de software para alguns clientes de fora há algum tempo", diz Gemignani. "Mas até agora são apenas experiências pontuais ligadas à área de telecomunicações."

Com a nova "Promon offshore", a holding tem a expectativa de atingir um faturamento de aproximadamente R$ 100 milhões após um ano de operação. Para tanto, é muito provável que a unidade tenha, inclusive, um volume de profissionais superior ao quadro atual do grupo, que hoje atinge 850 funcionários. "Sabemos que está é uma área onde o efetivo profissional é bem intensivo", comenta Gemignani. "Mas como vamos oferecer serviços de alto valor, o número não deverá ser tão grande."

A nova empreitada da Promon dentro do mercado de tecnologia não é um tiro no escuro, e busca inspiração nos resultados que a companhia vem registrando com seus negócios neste setor. No ano passado, a divisão Promon Tecnologia foi responsável pelo faturamento de R$ 250 milhões. Se a cifra for somada aos resultados da Trópico - empresa da área de telecomunicações que tem como sócios a Cisco Systems e a Fundação CPqD - chega a representar cerca de metade dos negócios da Promon, fazendo frente às suas operações originais, ligadas à engenharia. No total, a Promon fechou 2006 com R$ 690 milhões em vendas.

A companhia, que hoje tem como sócios seus próprios funcionários, também avalia a possibilidade de abrir capital de parte de suas operações para acelerar os negócios de sua nova empresa de terceirização. "Os planos passam pela possibilidade de abertura de capital em um futuro próximo", diz Gemignani. No entanto, o executivo pondera que essa é apenas "uma possibilidade" e que a companhia, caso decida negociar seus papéis na bolsa, o fará apenas com parte da empresa, e não com toda a holding. "Seria estupidez a Promon não reconhecer que o mercado de capitais pode ser uma fonte interessante de recursos", diz o executivo, que vem sendo constantemente sondado por bancos para que entre na Bovespa.

Estrutura para tanto a Promon já tem. Há anos, a empresa é auditada trimestralmente pela Deloitte. "Se a gente quisesse abrir o capital da companhia hoje, poderíamos fazê-lo", comenta Gemignani. "Mas queremos fazer isso quando a proposta indicar que esse é o caminho certo. A empresa não é movida pela lógica oportunista." Para o executivo, a oferta de ações seria "uma opção interessante para dar liquidez aos acionistas que a empresa deverá ter".

No alvo internacional da Promon para seus serviços de tecnologia estão os Estados Unidos, mas a empresa também está avaliando planos de associação ou mesmo de aquisição de empresas na Argentina, no Chile e no México.