Título: Petróleo mantém viés de alta à espera dos iranianos
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2007, Empresas, p. B7

O preço do barril de petróleo manteve sua trajetória de alta no mercado internacional, apesar de ter reduzido o ímpeto de valorização ao longo do pregão de ontem. Desde que surgiu o impasse envolvendo soldados britânicos, acusados de navegarem em território iraniano, e o Irã, a commodity disparou e alcançou seu maior valor em seis meses.

Ontem, na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, a commodity do tipo Brent para maio deste ano foi negociada a US$ 68,74, alta de 64 centavos de dólar. Mas durante o pregão britânico, o produto chegou a ser negociado a valores superiores a US$ 69,50. Já na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo do tipo WTI teve uma alta bem mais modesta: 7 centavos de dólar. Encerrando seus negócios a US$ 65,94.

Para o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), o incremento de preço reflete o conflito no Irã. "Afinal, é o maior exportador de petróleo para Ásia", conta Pires. Além disso, o país é o quarto maior produtor da commodity do mundo e o segundo maior da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

"O mercado pode esperar um acréscimo maior no prêmio de risco, decorrente dessas questões envolvendo o Irã", afirma Tim Evans, analista de Energia do Citigroup Global Markets, sediado em Nova York (EUA).

O fato é que uma guerra envolvendo o Irã acertaria em cheio o mercado de petróleo no mundo. Isso, porque o mundo conta com a produção do país, bem diferente, por exemplo, dos acontecimentos decorrentes da segunda invasão feita pelos Estados Unidos no Iraque. "Naquela oportunidade, ninguém mais contabilizava os barris iraquianos, porque sua venda também já estava sendo supervisionada pela Organização das Nações Unidas (ONU)", afirma Pires.

É até por isso que o economista acredita que, enquanto houver este clima de tensão, o preço do petróleo manterá o viés de alta, sem, inclusive, possibilidade de previsão factível. Pires lembra que essa alta, por ora, é artificial, ou seja, não tem conexão entre oferta e demanda. "Mas uma eventual guerra atingiria em cheio essa relação", diz.

Só para se ter uma idéia do tamanho da escalada de preços, no primeiro trimestre deste ano, o barril do tipo WTI foi negociado a uma média de US$ 58,23 e o produto Brent foi vendido a US$ 58,62. E no início de 2007 previsões apontavam que o valor médio da commodity deveria oscilar ao longo do ano entre US$ 55 e US$ 62.

No Brasil, as oscilações de preço do petróleo não têm afetado tão fortemente a economia do país. A Petrobras decidiu não repassar para o preço da gasolina e do óleo diesel a volatilidade registrada no mercado internacional, tanto nos momentos de alta como na baixa. (Com agências internacionais)