Título: Intenção de reajustar preços diminui na indústria, revela FGV
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2005, Brasil, p. A3

O ano começa com uma boa notícia vinda do setor industrial: o saldo entre as empresas que pretendem aumentar e as que planejam diminuir seus preços é o menor desde o final de 2003. Para o trimestre que tem início em janeiro, 35% das empresas querem reajustar seus preços, enquanto 11% esperam reduzi-los. O saldo, de 24%, só fica acima do visto no trimestre de outubro a dezembro de 2003, quando foi de 16%. Além disso, a parcela de indústrias com previsão de diminuir os preços cresceu de 8% no último trimestre do ano passado para 11% agora. A porcentagem daquelas que pretendem aumentar preços apresentou leve recuo de 25% para 24%. O quadro atual de negócios também é mais favorável do que o apresentado no mês de janeiro nos últimos três anos. Para 18% das 501 empresas participantes da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) a situação dos negócios em janeiro é considerada boa, sendo que para apenas 9% o cenário ainda é fraco. O saldo de 9% é o maior desde 2001. No entanto, em relação aos meses do ano passado nos quais a Sondagem foi realizada - abril, julho e outubro - houve abrandamento do otimismo na indústria brasileira. Por um lado, há o fator sazonal, uma vez que janeiro é um mês tipicamente mais fraco, após o aquecimento intenso verificado nos finais de ano. Ainda assim, para Aloisio Campelo, economista da FGV, há sinal de arrefecimento. Em outubro, lembra ele, os dados foram os mais fortes para o mês desde o início do Plano Real. Em janeiro, o quadro é semelhante ao do início dos anos de 2000 e 2001. Neste primeiro trimestre do ano, 28% dos empresários acreditam que a demanda interna vai crescer e 32% apostam no recuo do mercado doméstico. O saldo, apesar de negativo em 4%, é o melhor desde 2002. Já para a demanda externa, 21% esperam alta e 23% queda, um saldo de 2%, o pior desde 2002 - quando ficou negativo em 3% -, sempre na comparação com os mesmos trimestres de cada ano. "Existe a possibilidade de que as previsões para o cenário externo estejam ruins devido à valorização do real frente ao dólar, pois, por enquanto, não houve mudança brusca nas perspectivas de crescimento da economia mundial", ressalta o economista. Para a produção, a expectativa é de desaceleração: 32% das empresas esperam diminuí-la, enquanto 25% devem produzir mais, saldo negativo em 7%. No ano passado, o número de indústrias que planejava aumentar a produção ficou sempre maior do que a porcentagem que se mostrava cautelosa. Entre julho e setembro, por exemplo, esse saldo atingiu 44%, recuando para 20% no trimestre de outubro a dezembro. No que se refere ao emprego na indústria, as projeções são positivas e até surpreendem, pois nos meses de janeiro, fevereiro e março é comum a desaceleração no ritmo tanto da produção industrial quanto da criação de vagas no setor. A parcela das empresas que pretendem contratar ou demitir no trimestre é quase a mesma, 13% e 12%, respectivamente. Isso resulta em um saldo de 1%, bem inferior aos registrados nos trimestres anteriores, mas em linha com os três primeiros meses de 2004. "Temos uma perspectiva de manutenção no quadro de funcionários, o que é muito significativo em um de início de ano", diz Campelo.