Título: Collor assume mandato e anuncia filiação ao PTB
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Fonte: Valor Econômico, 02/02/2007, Política, p. A7

O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi alvo principal das atenções na posse dos 27 senadores eleitos (um terço da Casa) em outubro. Circulou com desenvoltura, foi abraçado por colegas, deu entrevistas, e falou sobre o processo de impeachment que o afastou da Presidência da República em 1992.

Buscou especial aproximação com dois senadores: o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Relembramos os tempos da UDN, em que eles eram companheiros do meu pai - o ex-senador Arnon de Mello.

Entre os senadores que abordaram Collor, o petista Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o único a tocar no impeachment. "Não foi apenas tocar no assunto. Ele fez uma dissertação, citando com precisão fatos e datas", contou o ex-presidente, rindo e parecendo divertir-se com a conversa. Suplicy fez questão de levar os filhos Supla e André para cumprimentar o ex-presidente.

O ex-presidente fará o primeiro discurso em março. "Será a versão de quem viveu o fato. Várias versões foram apresentadas, teses oferecidas sobre o impeachment. E até agora eu nunca apresentei minha versão. Não tive espaço", afirmou. "O fundamento será a violência política cometida pelo não atendimento da legislação vigente no país".

Como senador, seu primeiro projeto será de reforma política, incluindo a instituição do voto distrital misto, do financiamento público de campanha e da fidelidade partidária. Estuda apresentar proposta para implantar o sistema parlamentarista de governo no país.

Collor diz estar vivendo "o melhor momento" de sua vida, com a mulher, Caroline, e as filhas de oito meses, gêmeas, Cecile e Celine. Segundo ele, sua vida afetiva, antes do casamento atual, era "um desastre". Afirma que volta ao cenário político "sem mágoas ou ressentimentos".

Eleito pelo PRTB, hoje o senador filia-se ao PTB do ex-deputado Roberto Jefferson. No Senado, vai integrar o bloco de apoio ao governo Lula. Se será um apoio entusiasmado? "Não tenho mais espaço para me entusiasmar muito com nada, no sentido de tomar com paixão uma bandeira. Sou um espectador atento da cena política nacional e um senador que entende com o governo Lula vem mostrando resultados muito positivos, principalmente nas áreas social e política". (RU)