Título: Brasil e Argentina voltarão a debater salvaguardas
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2005, Brasil, p. A3

Os conflitos comerciais entre Brasil e Argentina voltarão à tona no fim deste mês, quando se reunirão, no Rio de Janeiro, as equipes dos dois governos, para discutir a proposta argentina de criação de salvaguardas (barreiras) para produtos vendidos entre os dois países. O governo argentino, em entrevistas informais para jornais de Buenos Aires, reafirmou sua intenção de ver criadas as salvaguardas, e insinuou a imposição de novas barreiras a produtos brasileiros caso essa reivindicação não seja atendida. Os brasileiros irão para o encontro dispostos a propor alternativas, como o fortalecimento da comissão binacional encarregada de avaliar os problemas de comércio entre os vizinhos. Mas rejeitam as salvaguardas. A reunião provavelmente no dia 25 foi marcada em um encontro realizado em Buenos Aires, na segunda-feira, entre o vice-chanceler da Argentina, Jorge Taiana, e o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. Irão participar o secretário argentino de Relações Econômicas Internacionais, Alfredo Chiaradía; o sub-secretário de Integração Econômica, Eduardo Sigal, e o secretário de Indústria, Alberto Dumont. Os argentinos tentam, desde novembro, obter resposta para as propostas apresentadas pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, de estabelecer salvaguardas e criar um "código de conduta", que proibiria a transferência de instalações de multinacionais de um país para outro dentro do Mercosul. As duas idéias são consideradas inaceitáveis pelo Brasil. Às ameaças veladas dos argentinos, de impor, a partir de março, novas cotas de importação a produtos brasileiros, o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Mário Mugnaini, tem respondido que o Brasil poderá impor medidas semelhantes a produtos de exportação argentinos, como arroz, sucos e cebola.