Título: Norma sobre câmbio sai neste trimestre, diz Furlan
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2005, Brasil, p. A3

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que ainda no primeiro trimestre do ano poderá ser estendido o prazo para que empresas brasileiras internalizem receitas em moeda estrangeira. Hoje o prazo é de 180 dias (seis meses) e o plano é de aumentá-lo para 360 dias. Furlan disse que a medida depende de mudança em norma do Banco Central e confirmou que o tema vem sendo discutido com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, elogiou a decisão: "Quando o ministro fala em ampliar o prazo para um ano é ótimo porque se estará se dando ao exportador maior liberdade para negociar com o importador", avaliou. Ele reconheceu que outro efeito da medida será aliviar a pressão sobre o dólar. Furlan disse que a legislação que rege o câmbio no Brasil é muito antiga, da época de crises cambiais, e o que se busca é dar maior flexibilidade aos exportadores. "O exportador tem que internalizar divisas (no país) até seis meses depois do embarque da mercadoria e isso ocorre porque, muitas vezes, a venda é a prazo e ele precisa receber por vários meses." A idéia em estudo, segundo ele, é que o exportador possa conter essas divisas no exterior, já contabilizadas, ou seja, fazendo parte das reservas brasileiras, internalizando os recursos no momento mais adequado. "Com isso, se evita que o exportador seja obrigado a vender dólares na época em que a cotação está menos favorável", ressaltou. Furlan lembrou que muitas empresas têm compromissos de financiamento no exterior e, às vezes, são obrigadas a internalizar recursos por períodos curtos tendo depois de comprar dólares para honrar compromissos externos. "A medida permitirá um melhor equilíbrio entre oferta e demanda de dólares, além de reduzir o risco e o custo de captação de empresas brasileiras no exterior", estimou Furlan. "Quando uma empresa mantém floating (depósitos) em um banco no exterior é uma garantia indireta que ela tem recursos disponíveis para cumprir compromissos futuros, o que reduz o risco e a taxa de juros que terá de pagar", disse Furlan. Ele avaliou que a mudança na norma cambial é simples. O ministro voltou a insistir que a meta do governo é recompor as reservas. Ele mencionou, como já o havia feito em São Paulo, na véspera, três fatores que podem influenciar a alta do dólar: o aumento das importações, a recomposição das reservas e medidas, como a mudança na norma do BC, para permitir que o exportador tenha maior flexibilidade no manejo de suas divisas. Furlan também disse que sua expectativa é de que a cotação do dólar, em 2005, fique acima do patamar atual.