Título: Redes concorrem para gerir hotel da Funcef em Brasília
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2007, Empresas, p. B3

A Funcef, fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, abriu concorrência para substituir a rede Blue Tree da administração do mais caro e requintado hotel de Brasília. O processo de seleção já foi lançado e os interessados têm até o dia 31 de janeiro para apresentar propostas, embora estude-se uma prorrogação do prazo para o fim de fevereiro. Em mais um capítulo da separação amigável entre Funcef e Blue Tree, que encerrou um ano e meio de disputas judiciais, a troca de bandeira do hotel em Brasília deverá acontecer até o início de junho.

Doze operadoras demonstraram apetite pelo negócio e já fizeram visitas ao empreendimento. Segundo a Funcef, pelo menos dez mantêm disposição de seguir adiante no processo e concretizar ofertas: Marriott, Posadas, Hilton, SuperClubs, Grupo Espírito Santo, Pestana, InterContinental, Transamérica, Accor e Atlântica. A rede escolhida assinará um contrato com prazo de dez anos, renovável por mais cinco, com a Funcef e a construtora Paulo Octávio, sócias com participação de 50% cada no empreendimento, que inclui, além do hotel, uma torre de flats.

"O processo de seleção seguirá os mesmos moldes do Eco Resort do Cabo", afirma o diretor imobiliário da Funcef, Jorge Luiz de Souza Arraes, em referência ao resort do fundo de pensão em Cabo de Santo Agostinho (PE), onde a Blue Tree foi substituída, em setembro, pelo grupo mexicano Posadas. Em dezembro, a rede de Chieko Aoki saiu da gestão do hotel em Brasília, repassada temporariamente à ADG Consultoria e Administração Hoteleira, da ex-executiva da Funcef Andréa Carvalho da Costa Diniz, mantendo o uso da marca Blue Tree até 1º de maio, por meio do pagamento de 2% da receita bruta do hotel pelo direito.

O que está em questão é a gestão de um hotel que, em 2006, faturou R$ 25,3 milhões e tornou-se uma referência para empresários e chefes de Estado de todo o mundo que visitam a capital brasileira. Nas suas suítes presidenciais, com 450 m de área interna e cadeiras desenhadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer (R$ 8 mil a diária), já se hospedaram George W. Bush e monarcas árabes. O imperador japonês tem reserva para 2008.

De acordo com Arraes, a concorrência terá três etapas. Na primeira, será feita a habilitação dos interessados, a partir dos documentos exigidos. A documentação inclui certidões negativas de débitos de tributos federais e estaduais, do INSS, de falência e balanços patrimoniais, além de outras autorizações. Na segunda fase, começa a análise técnica das ofertas (tanto a proposta financeira quanto a operacional). Na terceira e última etapa, pretende-se selecionar duas ou três operadoras. Nessa fase, a Funcef e a Paulo Octávio tentarão obter melhorias nas propostas.

O prazo para a conclusão do processo de escolha da nova operadora é 1º de junho. "Temos tempo suficiente", comenta o diretor da Funcef. Enquanto a mudança não é efetivada, ele diz que os sócios aproveitarão para "reorganizar a casa". Diferentemente do resort em Cabo de Santo Agostinho, que consumiu R$ 11 milhões em obras durante a transição da Blue Tree para o Posadas, o empreendimento hoteleiro em Brasília não precisa de grandes reformas. Mas apresentava problemas, aponta Arraes, como sistema de informática "deficiente", parte contábil "inadequada", controle de custos "inexistente" e "baixa integração" entre os seus departamentos - que estão sendo reparados, conforme sublinha o executivo.

Para ele, a futura operadora deverá apostar na atração de "turistas de fim de semana", de Brasília e dos arredores, para usufruir as instalações do hotel e reverter a baixíssima taxa de ocupação dos quartos aos sábados e domingos - às vezes o índice fica em torno de 8%. "O hotel tem um potencial de resort urbano que ainda é inexplorado", defende.

Neste fim de semana, a Funcef começa a discutir onde aplicar um orçamento de até R$ 350 milhões para investimentos imobiliários em 2007, acrescenta Arraes. A definição sairá nas próximas semanas. O fundo de pensão estuda a aplicação de recursos para construir novos shopping centers no Sudeste. Também estão em estudo imóveis comerciais e centros de logística, além da construção de bangalôs residenciais de luxo na área do resort em Cabo de Santo Agostinho.